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26 DE ABRIL DE 2017

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por essa via, criar condições para se reduzir a dívida que têm sobre os seus ombros, revelando resistência e

constância exemplares.

Em suma, aos portugueses devemos a nossa democracia ser efetivamente representativa e salutarmente

participativa, ser passado mas também presente e futuro, significar mais do que um sonho para alguns, antes

um regime ao serviço de um desígnio nacional.

Porque três realidades são indesmentíveis.

A primeira é a de que é dos portugueses, todos eles, o mérito primeiro das vitórias que fomos tendo nos

últimos anos, nas nossas finanças, na nossa economia, na nossa sociedade.

A segunda é a de que é dos portugueses, todos eles, o papel decisivo de, sobretudo, criar um futuro melhor.

A terceira é a de que os portugueses, ao sedimentarem a democracia, o fizeram, e fazem, a pensar na Pátria,

como patriotas. Patriotas, digo bem. E não tenhamos medo das palavras e do que elas encerram, patriotas

fervorosamente orgulhosos da sua Nação.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Porque há duas maneiras muito diferentes de se amar a Nação. Uma, a que infelizmente vai grassando

noutras sociedades, é a de se se dizer nacionalista contra o mundo, contra os que não são dos nossos,

rejeitando, excluindo, vivendo em medo permanente, perante tudo e todos. Outra, a nossa, a que esteve na

base da nossa expansão, por oceanos e continentes, com todas as limitações que conhecemos e assumimos,

e das nossas comunidades espalhadas pelo mundo, é a de amar a Nação de coração aberto, de alma universal,

não renegando as nossas raízes identitárias mas sabendo que elas foram feitas desde antes da independência,

de um somatório, entre outros, de traços culturais gregos, romanos, fenícios, lusitanos, germânicos, celtas,

mouros, judeus, e, mais tarde, africanos, asiáticos e americanos. Um nacionalismo patriótico e de vocação

universal, não um nacionalismo egocêntrico, agarrado a um pretenso passado, recriado, porque não real, e

insuscetível de enfrentar o futuro. Aliás, o único que perfilhamos, capaz de nos defender de terrorismos, de

inseguranças, de incertezas, porque, ao cultivar a abertura e a inclusão, torna mais difícil o que é hoje o pão

nosso de cada dia noutras sociedades: serem os perseguidos, os injustiçados, os rejeitados de dentro, os aríetes

dos maiores perigos e das mais insidiosas ameaças.

É esta visão descomplexadamente patriótica que dá sentido último à nossa democracia.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, cabe assim aos portugueses, e ao seu inquebrantável patriotismo,

em primeira linha, o combate fundamental pela nossa democracia e, mais do que isso, por valores centrados no

respeito pela dignidade da pessoa humana, inscritos na nossa Constituição. E eles não têm faltado à chamada

neste combate. Como não têm faltado as instituições públicas e da sociedade civil, que acorreram a muitas das

privações dos anos mais penosos.

Portugueses, rede de proteção social no terreno e referenciais de paz, segurança e solidariedade, têm

permitido enfrentar crises sem tentações ou pulsões antidemocráticas ou menos democráticas. Mas não chega:

importa que todas as estruturas do poder político, do topo do Estado à Administração Pública e, naturalmente,

aos tribunais, entendam que devem ser muito mais transparentes, rápidas e eficazes na resposta aos desafios

e apelos deste tempo, revendo-se, reformando-se, ajustando-se.

Os chamados populismos alimentam-se das deficiências, das lentidões, das injustiças, das incompetências,

das irresponsabilidades do poder político ou da sua confusão, ou compadrio, com o poder económico e social.

Preveni-los ou pôr-lhes cobro requer determinação e permanente proximidade, antecipação e satisfação das

legítimas necessidades comunitárias.

Há, neste contexto, um bastião da nossa democracia que merece, hoje, na evocação do 25 de Abril, uma

palavra muito especial: o poder local.

Os milhares e milhares de mulheres e homens que passaram ou estão em espírito de missão nos municípios

e nas freguesias de Portugal, autarcas e trabalhadores foram, e são, uma das mais vivas diferenças da nossa

democracia relativamente à Monarquia Liberal e à Primeira República. Não a única, mas das mais relevantes.

Porque, com o sufrágio universal, alargaram, e alargam, a participação no poder político, muito para além de

um número circunscrito de cidadãos; porque viveram e vivem, sol a sol, próximos das pessoas. Sabem os seus

nomes, conhecem as suas queixas, não governam papéis, lidam com vidas concretas: água, esgotos, lixo,

escolas, caminhos, centros sociais, mercados, espaços verdes, comércio, agricultura, ambiente, cultura,