I SÉRIE — NÚMERO 81
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e o Governo do Partido Socialista, em 2010. Nos termos desse acordo — e gostaria de pedir que fossem
entregues ao Sr. Primeiro-Ministro esses documentos —, foi nomeado um grupo de trabalho, que apresentou a
6 de abril de 2011 a proposta de estatutos que viria a estar na base da criação do Conselho das Finanças
Públicas.
Esse Conselho das Finanças Públicas, nos termos do relatório que o Governo do Partido Socialista aceitou
— e que o PSD aceitou também — dizia que eram as entidades independentes, Banco de Portugal e Tribunal
de Contas, que nomeariam todo o Conselho das Finanças Públicas.
Como Primeiro-Ministro pus em prática esse relatório, adotando como estatutos que o Conselho de Ministros
nomearia quem as entidades independentes propusessem…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — … e o anterior Governo nomeou exatamente para o Conselho das
Finanças Públicas quem o Banco de Portugal e o Tribunal de Contas propuseram.
Sr. Primeiro-Ministro, trata-se, portanto, de preservar a independência da instituição, que eu sei que não é
uma coisa que o Partido Socialista preze muito…!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Verdade!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Não é só em relação ao Conselho das Finanças Públicas. Temos
muitos exemplos disso em relação à UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental), que, em 2010, de resto,
também viu os seus meios reforçados por exigência do PSD contra a opinião do Governo de então e do Partido
Socialista.
O Partido Socialista quis, na altura, impor aqui que o próprio Conselho das Finanças Públicas dependesse
organicamente e financeiramente do Ministério das Finanças e não que tivesse autonomia financeira, como
devia.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, quero dizer-lhe que a justificação para recusar a nomeação tem de ser dada
por si…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — … e vou dar-lhe uma última oportunidade para o fazer, por respeito
ao Parlamento e por uma questão de transparência perante o País.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Passos Coelho, tenho pouco mais a
acrescentar. As entidades independentes que referiu têm o poder de iniciativa de propor e o Governo tem a
competência própria de nomear. Se concordar, nomeia, se não concordar, não nomeia. Foi isso que o Governo
fez e é assim que o Governo fará.
Aplausos do PS.
O Sr. Pedro Alves (PSD): — Que vergonha!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Passos Coelho.
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, estamos esclarecidos quanto
ao que o Governo entende sobre o que estipula a lei no que refere aos estatutos do Conselho das Finanças
Públicas.