I SÉRIE — NÚMERO 84
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respeita a importância da participação dos estudantes e dos pais na vida da escola, prevendo-a num órgão de
direção estratégica e criando mecanismos para a auscultação permanente das suas opiniões; reforça a
importância do conselho pedagógico, tornando-o um órgão com poderes decisórios, atribuindo-lhe
verdadeiramente a direção pedagógica e educativa; assegura a necessária separação e complementaridade
entre a direção e a gestão.
Dando cumprimento à Lei de Bases do Sistema Educativo, cria novos meios de participação na definição da
política educativa a nível regional através de conselhos regionais de educação; institui formas de compensação
para os detentores dos principais cargos em órgãos de direção e gestão democráticas e em estruturas de
orientação educativa.
Trata-se acima de tudo de um projeto de lei que visa valorizar a escola pública, promover o sucesso escolar
e tornar os órgãos de direção e de gestão verdadeiros elementos de modernização pedagógica e de autonomia
da escola para a realização de um projeto educativo próprio.
Termino, Sr.as e Srs. Deputados, deixando uma pergunta: à escola pública exige-se que seja democrática,
pois é nessa cultura que se desenvolve verdadeiramente a inclusão. Como pode uma escola que não é
verdadeiramente democrática, plenamente democrática, na sua organização e no funcionamento, educar para
a democracia?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Inscreveu-se, para pedir esclarecimentos, Sr.ª Deputada
Germana Rocha, do Partido Social Democrata.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Maria Germana Rocha (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, fica bem patente neste
debate que o que de facto o PCP pretende, relativamente ao modelo de gestão das escolas, é, sem dúvida
alguma, um claro e inadmissível retrocesso.
É mais um retrocesso a que já nos habituaram e mais uma vez numa matéria fundamental e determinante
na dinâmica dos projetos educativos de cada uma das nossas escolas.
O que o Partido Comunista aqui hoje demonstrou foi uma clara falta de confiança nas escolas e nos principais
agentes da comunidade educativa, como, aliás, acontece relativamente a outras matérias, o que, aliás, é o caso
da descentralização de competências na área da educação. Também nesta matéria VV. Ex.as desconfiam da
competência, da capacidade e da isenção dos nossos autarcas na colaboração que prestam no âmbito da
realização de vários processos na área da educação, com reconhecidos ganhos de eficiência e eficácia
resultantes da proximidade que têm às escolas e às suas populações.
Pergunto, Sr.ª Deputada, o que motiva o Partido Comunista a manifestar esta enorme desconfiança em
relação ao processo de autonomia das escolas, nomeadamente no que diz respeito à criação dos seus próprios
projetos e ao envolvimento dos pais, das autarquias e das instituições locais?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Mesquita,
do PCP.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Germana Rocha, começo por agradecer a
questão colocada que evidencia um aspeto curioso: o PSD considera que a gestão democrática é o retrocesso,
ou seja,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — … o PSD vem aqui defender que o que é moderno, o que é atual, o que é
sofisticado é a falta de verdadeira democracia nas escolas.