6 DE MAIO DE 2017
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Acrescenta-se, ainda, o facto de os professores quase não terem uma palavra a dizer na escola. O que tem
o PSD a dizer à desvalorização que é feita do papel destes profissionais?
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Virgínia Pereira (PCP): — E que dizer das funções meramente consultivas do conselho
pedagógico, subalternizado e cada vez mais esvaziado das suas competências, deixando de ter poder para
decidir, ao mesmo tempo que o diretor vê reforçados e concentrados os seus poderes, nomeadamente em áreas
como a gestão das áreas pedagógica, cultural, administrativa, financeira e patrimonial.
O PSD traz hoje a debate uma iniciativa sobre a gestão das escolas que não altera as questões de fundo,
como o empobrecimento da vida democrática da escola, mostrando claramente que estão coniventes com o
modelo de gestão unipessoal e de concentração de poder contrários aos valores da participação e da
democracia.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Amadeu Soares Albergaria.
O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, começo por agradecer ao Sr.
Deputado Porfírio Silva e às Sr.as Deputadas Joana Mortágua, Ilda Araújo Novo e Ana Virgínia Pereira as
questões que me colocaram.
Agradeço as questões colocadas, mas não posso senão discordar, em termos globais, do que acabaram de
referir. É que, na verdade, temos muitas diferenças: é a diferença entre quem acredita nas pessoas e nas suas
instituições e quem não acredita; é a diferença entre quem acredita na iniciativa privada e quem não acredita; é
a diferença entre quem acredita num serviço público de educação e quem fala num serviço nacional de educação
pensado, imposto e dirigido a partir da 5 de outubro, sede do Ministério da Educação.
Srs. Deputados, tenho de insistir nesta questão: o atual modelo é democrático e alcançou resultados positivos
para o sistema educativo português. Na verdade, os Srs. Deputados querem voltar ao modelo do século
passado, um modelo que está, por isso, ultrapassado, datado e que não pode ter futuro.
Protestos do PCP.
O que os Srs. Deputados querem, na realidade, resulta muito claro para quem lê, por exemplo, o projeto de
lei apresentado pelo Partido Comunista Português: querem afastar os pais da vida da escola, querem afastar as
associações locais, querem afastar as empresas, querem afastar — como também ficou claro no debate — as
autarquias.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
Protestos do PCP.
O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — E digo mais: os Srs. Deputados querem afastar os diretores, a
quem acusam de serem lideranças napoleónicas.
Os Srs. Deputados querem, uma vez mais, reverter o que tem dado bons resultados, Sr.ª Deputada Ana
Virgínia Pereira.
Risos do PCP.
Na verdade, e sob a capa da tal democraticidade, para os senhores existe aqui um estorvo. É, na verdade,
um estorvo para quem quer transformar as escolas em células de ação sindical e partidária. Este modelo de dar
mais poder às escolas é um verdadeiro estorvo.