I SÉRIE — NÚMERO 86
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, partilhamos, como eu disse,
aliás, na intervenção inicial, e com as medidas que temos tomado, da visão de que é preciso mais e melhor
emprego, com mais direitos, emprego digno. Isso passa, designadamente, por desbloquear a contratação
coletiva, e temo-nos emprenhado nisso. É por isso que o acordo de concertação assinado no final do ano
passado fixou uma moratória até 2018 contra a denúncia de contratos coletivos.
Na verdade, temos vindo a dinamizar a contratação coletiva. Não é por acaso que, ao longo do último ano,
aumentaram em 52% o número de trabalhadores abrangidos por contratos coletivos de trabalho. É um número
ainda muito insuficiente em relação àquele que existia antes da caducidade das contratações anteriores, mas é
uma dinâmica que estamos a introduzir. Aliás, estamos a concluir a preparação de legislação que permita reduzir
o tempo para a emissão das portarias de extensão — neste momento, duram meses e queremos reduzir para
cerca de 34, 35 dias —, de forma a podermos alargar o número de trabalhadores cobertos por instrumentos de
regulação coletiva de trabalho. Parece-me que isto é essencial.
Em relação aos dois casos concretos que apresentou, trata-se de um problema de compatibilidade entre o
acordado e o que está previsto no Orçamento do Estado para este ano. A informação que temos é a de que
estão praticamente concluídas as alterações necessárias aos acordos de empresa, de forma a compatibilizá-los
com o que consta do Orçamento do Estado e a permitir a homologação por parte do Ministério das Finanças.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Muito obrigado, Sr. Presidente.
Creio que o Sr. Primeiro-Ministro compreende a necessidade urgente de um desfecho positivo em relação a
essas convenções coletivas.
Sr. Primeiro-Ministro, as questões do emprego e os direitos laborais são essenciais para os trabalhadores,
mas também para o desenvolvimento do País e a luta dos trabalhadores é um elemento de avanço e de
desenvolvimento social. A luta dos trabalhadores dos transportes ou da Administração Pública pelos seus
direitos é também uma luta por mais e melhores serviços públicos.
Os médicos estão hoje em greve, reivindicando a resolução de problemas concretos e essa luta é também
uma luta pela melhoria do Serviço Nacional de Saúde. Os problemas que atingem os médicos são os problemas
comuns a outros trabalhadores da Administração Pública. Repetem-se, por exemplo, na segurança social onde
a falta de trabalhadores conduz a atrasos no atendimento, na atribuição das prestações sociais, problemas que
não são resolvidos com o atendimento telefónico, que também é insuficiente. Estes problemas têm de ter
resposta para que os serviços públicos possam funcionar melhor e prestar melhor serviço aos utentes.
O mesmo acontece com o serviço público que é prestado pela Caixa Geral de Depósitos. O PCP já trouxe
este problema noutros debates e permita-me que insista no seguinte: a perspetiva de encerramento de agências
e balcões da Caixa continua a ser uma preocupação para os trabalhadores e para as populações. Não é possível
haver melhor serviço público com menos agências e menos trabalhadores da Caixa.
A situação em Almeida será, talvez, o exemplo mais flagrante dos prejuízos que causa o encerramento das
agências da Caixa, neste caso deixando uma sede de concelho sem esse serviço público.
Mas o problema repete-se por esse interior fora, com a intenção de encerramento de agências onde as
populações mais precisam delas e onde, certamente, haverá menos gente, se os serviços públicos continuarem
a desaparecer.
Por isso, repetimos, é preciso reverter a decisão de encerramento de agências e manter a Caixa a prestar
um serviço às populações. Pergunto, Sr. Primeiro-Ministro: acompanhará o Governo as nossas preocupações?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, acompanho parcialmente as
suas preocupações.