19 DE MAIO DE 2017
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A Sr.ª Maria Mercês Soares (PSD): — Agora os senhores são poder, mais do que falar, façam!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — … foi conseguida, foi porque houve uma alteração da correlação de forças na
Assembleia da República, senão ainda hoje os trabalhadores da Administração Pública estariam a trabalhar 40
horas por semana. Também por isso foi importante termos derrotado o Governo PSD/CDS. Chega! Está tudo
feito, não está?!
A Sr.ª Maria Merces Soares (PSD): — Só falam, falam, façam!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — É preciso muito mais do que isso, mas, Srs. Deputados,…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Termino, Sr. Presidente, dizendo que, também para nós, é muito claro que, para
tudo o que é preciso fazer pelo desenvolvimento do País, não podemos contar com o PSD e com o CDS,
contamos com os trabalhadores e com o povo e sabemos que esse caminho há de ser feito.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Vamos, agora, passar a uma nova declaração política, dando a palavra
à Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Infelizmente, não é pelas
melhores razões que Os Verdes voltam a trazer ao Plenário da Assembleia da República a temática da central
nuclear de Almaraz.
A história recente traduz-se de uma forma muito simples: a central nuclear de Almaraz já deveria ter
encerrado, pelo menos, em 2010; nos anteriores governos deste País não houve uma posição firme e, se a
tivéssemos de qualificar, eventualmente, qualificá-la-íamos como indiferente a esta matéria do encerramento da
central nuclear de Almaraz; o Governo espanhol já adiou o funcionamento desta central nuclear até 2020 e
quanto mais tempo passa mais obsoleta está esta central nuclear. Entretanto, houve e há um projeto para a
construção de um aterro temporário para os resíduos nucleares na central nuclear de Almaraz, nitidamente, com
impactes transfronteiriços, mas o Governo português não foi tido nem achado pelo Governo espanhol
relativamente a este projeto.
Por esta razão, o Governo português abriu uma queixa junto da União Europeia, para que fosse devidamente
ouvido e para que houvesse um estudo sobre os impactes ambientais em Portugal. Entretanto, houve diligências
por parte da União Europeia e foi estabelecido um acordo entre o Governo português e o Governo espanhol
para uma reanálise técnica para a promoção de uma consulta pública sobre os impactes deste projeto em
Portugal. Esse relatório técnico foi produzido, e aqui, Sr.as e Srs. Deputados, é o cabo dos trabalhos. E porquê?
Isto porque este relatório técnico acaba por afirmar que o aterro é seguro e adequado. Porém, é o próprio
relatório que refere que há questões essenciais que não foram estudadas, como, por exemplo, os ensaios de
permeabilidade, que foram feitos em número muito reduzido e que não foram realizados, sequer, de forma
contínua. O relatório assume que pode não ter havido caracterização adequada sobre a permeabilidade de
solos, que não houve caracterização detalhada de aquíferos subterrâneos e diz que o parecer do Conselho de
Segurança Nuclear identificou lacunas em matérias que podem assumir relevância na consideração de
potenciais impactes, incluindo em território português.
Sr.as e Srs. Deputados, Os Verdes perguntam: perante estas considerações tão objetivas e tão claras, como
é que se pode chegar à contradição de afirmar que aquele projeto é, então, seguro e adequado?
Assim, Srs. Deputados, Os Verdes tomaram a iniciativa de chamar o Governo e a APA (Agência Portuguesa
do Ambiente) à Comissão do Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação
para que pudessem prestar esclarecimentos sobre esta matéria, porque uma coisa é o relatório técnico, outra
coisa é a posição política que tem de se assumir perante a realidade que está criada.