19 DE MAIO DE 2017
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A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Em conjunto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem, então, a palavra o Sr. Deputado João Torres.
O Sr. João Torres (PS): — Sr. Presidente, antes de mais, cumprimento a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia
pela intervenção que acabou de proferir e quero transmitir, em nome do Grupo Parlamentar do PS, que, para
nós, é óbvio, claro e evidente que todos nós viveríamos melhor sem a existência de centrais nucleares, quer em
Espanha, quer na Europa, quer em qualquer país do mundo.
Reconhecemos a sensibilidade deste assunto, que é particularmente sensível, porque mobiliza o receio e o
medo nas pessoas, e, por isso, deve merecer a melhor atenção por parte da Assembleia da República.
Sr.ª Deputada, enquanto cidadãos e enquanto representantes do povo português, penso que, nesta
circunstância, devemos reconhecer que não cabe ao Governo português dar o aval ou autorizar a construção
de um aterro em Espanha.
Todos nós desejaríamos que a central nuclear de Almaraz, que se encontra em atividade desde a década de
80, pura e simplesmente, não tivesse sido inaugurada, não tivesse iniciado a sua atividade. Todos nós
concordamos com o seu encerramento, mas a verdade é que o que nós devemos exigir, face àquelas que são
as responsabilidades do Governo português, é que se mobilizem os melhores meios técnicos, humanos e
científicos para apurar as consequências para o nosso País e para o meio ambiente da construção do aterro
que armazenará os resíduos tóxicos nucleares de que estamos a falar.
Penso que, desse ponto de vista, o Governo esteve bem, o Governo esteve muito bem ao salvaguardar o
interesse nacional e sai deste processo num patamar acrescido de confiança, face à informação de que
dispúnhamos há uns meses e que era muito reduzida.
Hoje, temos oportunidade de participar nesse processo, temos acesso à informação que levou, desde logo,
à constituição de um grupo de trabalho para apurar melhor as consequências da construção do aterro.
Assim, da parte do Grupo Parlamentar do PS, queria transmitir-lhe que a nossa posição é inequívoca no
acompanhamento de todas as missivas e diligências que vão no sentido de que Portugal faça os seus melhores
esforços diplomáticos para o encerramento da central nuclear de Almaraz.
Finalmente, queria perguntar-lhe, Sr.ª Deputada, se não considera, de alguma forma, perigoso para a
sociedade que se sobressalte a população ao se enveredar por um caminho de alarmismo excessivo e
exagerado sobre esta matéria, quando hoje, na verdade, dispomos de mais informação do que há alguns meses.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Álvaro
Castello-Branco.
O Sr. Álvaro Castello-Branco (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, saúdo-a e
cumprimento-a pelo tema que hoje aqui traz e devo dizer que ouvi com grande expectativa a sua declaração
política, e ouvi-la sobre esta matéria é relevante já que, sendo a Sr.ª Deputada de um partido que sustenta e
apoia o Governo, é interessante saber aqui, em Plenário, qual é a posição de Os Verdes.
Vozes do CDS-PP: — Ora, nem mais!
Protestos da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Tem de marcar uma interpelação ao Governo.
O Sr. Álvaro Castello-Branco (CDS-PP): — É interessante saber se continuam a sustentar e a apoiar um
Governo que nesta questão da central nuclear de Almaraz tem tido uma posição e uma atuação completamente
errática e irresponsável. Errática e irresponsável porque as contradições entre o Sr. Ministro dos Negócios