I SÉRIE — NÚMERO 89
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Ora, o que ouvimos na Comissão de Ambiente é, na perspetiva de Os Verdes, profundamente preocupante,
designadamente o que ouvimos por parte dos membros do Governo, quer por parte do Sr. Ministro dos Negócios
Estrangeiros quer por parte do Sr. Ministro do Ambiente. E porquê? Porque o Governo reafirma a sua posição
de ter ficado descansado com o relatório técnico que foi apresentado. Portanto, e não há outra forma de o dizer,
o Governo prepara-se para validar a construção do aterro para resíduos nucleares junto à fronteira portuguesa.
Por outro lado, todos sabemos que este aterro pode ter implicações no prolongamento do funcionamento da
central nuclear de Almaraz. Ora, o que precisávamos era que o Governo português fosse determinado na
exigência ou num posicionamento muito claro, perante o Governo espanhol, de defesa do encerramento da
central nuclear de Almaraz, mas o Governo nunca foi capaz de o afirmar com esta clareza, designadamente na
reunião da Comissão de Ambiente.
Aquilo que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros se fartou de repetir foi que o Governo procurará
influenciar outros países para novas políticas e opções energéticas, sustentadas nas fontes de energia
renovável. Isto não é claro, Sr.as e Srs. Deputados! O Governo nunca foi capaz de dizer perentoriamente que
tudo fará junto do Governo espanhol para que o encerramento da central nuclear de Almaraz, que afeta o
território português, que afeta, em termos de ameaça real, a população portuguesa e os nossos ecossistemas,
ocorra, no máximo, no ano de 2020.
Se bem se lembram, Sr.as e Srs. Deputados, Os Verdes questionaram o Sr. Primeiro-Ministro no último debate
quinzenal sobre esta matéria, dizendo que o Governo não podia mais «estar em cima de um muro» sobre a
matéria do encerramento da central nuclear de Almaraz. O que é que o Sr. Primeiro-Ministro respondeu? Nada!
Absolutamente nada!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Caiu do muro!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — E esta seria, na perspetiva de Os Verdes, a única forma de defender
o interesse do País, ou seja, de defender o encerramento da central nuclear de Almaraz. Há, portanto, Sr.as e
Srs. Deputados, uma luta firme que tem de continuar a ser travada.
Queria, ainda dizer-vos, muito rapidamente, que Os verdes têm estado a recolher, numa campanha que
promoveu, um conjunto de postais, já em número bastante significativo, dirigidos ao Governo português e
também ao Governo espanhol, no sentido de que os cidadãos portugueses sejam uma voz ativa de pressão
pelo encerramento da central nuclear de Almaraz.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Deputada, peço-lhe que termine.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Vou já terminar, Sr. Presidente.
Os cidadãos têm sido muito recetivos a esta campanha e, portanto, essa exigência será feita de uma forma
muito firme com a entrega desses postais junto do Governo.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem mesmo de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Mas, Sr.as e Srs. Deputados, amanhã, esta Assembleia da
República tem de reforçar a sua posição, voltando a votar um voto que, de uma forma muito inequívoca,
determine a vontade da Assembleia da República no sentido do encerramento da central nuclear de Almaraz.
Temos de ser muito firmes, muito veementes. A Assembleia da República não é nenhuma caixa de
ressonância do Governo e tem a obrigação não só de o fiscalizar mas também de o pressionar.
Aplausos de Os Verdes e de Deputados do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Antes de mais, volto a recomendar aos grupos parlamentares para não
se esquecerem de fazer as suas inscrições até ao final da intervenção do orador em causa.
Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, informo-a de que se inscreveram quatros Srs. Deputados para pedir
esclarecimentos.
Como deseja responder?