19 DE MAIO DE 2017
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O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado, do PCP.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro Delgado Alves,
naturalmente, associamo-nos à sua declaração política, naquilo que constitui uma saudação à Constituição de
1976. Na prática, foi disso que se tratou. Acompanhamos, pois, essa saudação à Constituição de 1976, que
consagra os valores de Abril.
No fundo, a Constituição de 1976 deu corpo às conquistas que já estavam em curso no nosso País,
decorrentes da Revolução de 1974 — é essa Constituição que tanto valorizamos —, e, ao mesmo tempo,
derrotou a Constituição fascista de 1933. É, pois, um marco histórico de grande importância, como já foi
sinalizado, ao qual nos queremos associar.
A Constituição de 1976, como aqui já foi referido, consagra um conjunto de direitos: económicos, políticos e
sociais, direitos, liberdades e garantias, entre muitos outros, mas também os direitos laborais, a dignificação dos
direitos dos trabalhadores, a que foi dada dignidade constitucional, e esse é um aspeto que também queríamos
sinalizar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Ficou claro não só o cariz progressista da Constituição de 1976 mas também
a relação umbilical com a Revolução de 1974 e as conquistas que se lhe seguiram.
Na nossa opinião, a importância da Constituição ficou bem demonstrada aquando dos governos PSD e CDS-
PP. É por isso que temos o silêncio do CDS e uma intervenção agridoce da bancada do Partido Social
Democrata,…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Isso é bom. Obrigado!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — … porque esses dois partidos, durante o período de vigência do seu próprio
Governo, viram por 13 vezes — repito, por 13 vezes — declaradas inconstitucionais normas, medidas,
propostas, Orçamentos, que fizeram aprovar nesta Assembleia da República.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Por 13 vezes foi a luta que os derrotou, mas por 13 vezes foi também muito
importante a nossa Constituição, que impediu um caminho de cortes e ataque aos direitos dos portugueses.
Portanto, valorizamos muito a Constituição de Abril.
Porém, há muito caminho por fazer. A Constituição de 1976 consagra um manancial de direitos, de justiça
social que importa consagrar e dar corpo no plano concreto. Porque importa passar das palavras ao atos, a
pergunta que lhe deixamos é esta: que caminho vamos percorrer e que medidas vamos adotar relativamente a
esta matéria?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, do PS.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Sr. Presidente, começava por corrigir um lapso de há pouco e saudar
o Sr. Presidente precisamente pela iniciativa de comemorarmos os 200 anos do constitucionalismo, nos quais
penso que também podemos enquadrar a forma como comemoramos a atual Constituição, o que é um fator que
devemos colocar em cima da mesa e recordar nesta Câmara. Esta é a saudação que, há pouco, me esqueci de
fazer.
Vozes do PS: — Muito bem!