I SÉRIE — NÚMERO 97
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Embora os requisitos sejam cumulativos, a pergunta que deixava ao Partido Socialista, porque é dele o
projeto de lei que elimina esta alínea, é a seguinte: o que significa a eliminação desta alínea da legislação?
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. José Silvano (PSD): — Será que queremos pôr em causa um património que adquirimos, que é a
segurança e a estabilidade, essenciais para o nosso turismo, para a criação de riqueza e para não haver
incidentes neste País? É esta a interrogação que deixo.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Agradeço as observações
formuladas em relação às iniciativas e ao espírito, penso eu, construtivo com que podemos encarar a construção
do novo regime.
Começo por sublinhar, Sr. Deputado José Silvano, que quando, no último debate, se falava em estabilidade,
reportava-se, efetivamente, às alterações à Lei da Nacionalidade que incidiam sobre os portugueses residentes
no estrangeiro, Lei que foi alterada muito recentemente, em 2015.
Esta matéria, relativa a estrangeiros que residem em Portugal e que pretendem aceder à nacionalidade,
efetivamente, não é objeto de alteração desde 2006.
Portanto, há que distinguir os dois campos de intervenção e o que propomos é rever aquilo que há 11 anos
não é objeto de alteração.
Mas queria centrar-me na intervenção da Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva só para dar nota de alguns
aspetos que nos parecem um pouco perplexizantes neste debate.
Em primeiro lugar, a tradição portuguesa não é a que a Sr.ª Deputada refere. Até 1981, a tradição era
precisamente a inversa, como o Sr. Deputado José Manuel Pureza muito bem sublinhou.
Em segundo lugar, não somos hoje o País que éramos quando a lei era outra. Hoje, somos um País de
emigração e de imigração e não podemos fingir que a nossa Lei tem de continuar a ser a mesma de quando
éramos apenas um País de emigração. A incapacidade de evoluir e de acompanhar a realidade demográfica e
social que o País atravessou é algo que torna a Lei menos capaz de responder às necessidades e aos direitos
das pessoas que procuram uma resposta.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — O problema é demográfico!?
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Finalmente, queria dizer que sim, que o caminho é diverso de muitos
países europeus. E ainda bem que o é, porque, infelizmente, não encontramos hoje na Europa boas práticas
em matéria de integração de residentes, de comunidades migrantes, e, se pudermos dar o exemplo em sentido
contrário, é com todo o orgulho que o Partido Socialista contribui para esse debate.
Aplausos do PS.
Efetivamente, Sr.ª Deputada, são os portugueses que defendemos em primeiro lugar, mas ser português não
é um dom natural, que cai apenas do papel.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Muitas destas pessoas residem entre nós e são portuguesas. Podem não ter ainda nacionalidade portuguesa,
mas nasceram em Portugal, têm todos os laços com a comunidade portuguesa e se, efetivamente, ainda não
são portuguesas é porque a Lei não está a corresponder àquilo que as associações e que as próprias pessoas
nos dizem.