I SÉRIE — NÚMERO 98
30
O Governo já reverteu alguns dos malefícios, com a reposição das 35 horas ou a contratação de médicos
aposentados, mas é preciso ir muito mais longe. As lutas e greves de médicos, enfermeiros, assistentes
operacionais e técnicos de diagnóstico e terapêutica revelam muitos dos problemas que continuam por resolver.
Já se avançou, mas demorou muito a repor-se horas extraordinárias e de qualidade, que não podem ter
discriminações e desigualdades entre as diferentes categorias profissionais. São necessários mais enfermeiros
e a aplicação das 35 horas para todos.
É preciso rever ou criar carreiras como as de técnico de diagnóstico e terapêutica e dos farmacêuticos, e
está a demorar demasiado tempo. Mas também é preciso retomar as progressões na carreira, como importante
elemento para a valorização dos profissionais.
É preciso um combate sério e decisivo à precariedade laboral. Sabemos que a matéria não é resolúvel no
imediato, mas é preciso avançar, de forma consolidada, garantindo que medidas, como a da redução dos 35%
na subcontratação, não comprometem a prestação de cuidados.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Deixar cair na obsolescência é mais fácil do que renovar. Fomentar a
emigração é mais fácil do que atrair técnicos. Enviar utentes para o privado é mais fácil e melhor para os ditos
privados do que reforçar a capacidade do SNS.
O anterior Governo PSD/CDS fez o que era mais fácil, mas agora é preciso fazer o que é necessário. O
necessário é valorizar e reforçar a capacidade de intervenção do SNS, é valorizar, profissional, salarial e
socialmente, os trabalhadores do SNS.
Os trabalhadores da saúde e o PS sabem que podem contar com o PCP para fazer o que é necessário. O
Governo tem hoje à sua disposição instrumentos para fazer o que é necessário. É preciso usar esses
instrumentos até ao limite.
Os trabalhadores colocaram elevadas expectativas no Governo surgido da nova situação política propiciada
pelas eleições de 2015. É preciso que o Governo não defraude essas expectativas.
O Ministro da Saúde já tem afirmado que o maior ativo do SNS é a satisfação dos seus profissionais. Que
essa afirmação tenha consequências!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada
Maria Antónia Almeida Santos.
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados: O nosso primeiro esclarecimento é o de que não nos enervamos com reivindicações justas e a
greve, que foi aqui falada, consideramo-la um direito inalienável que deve ser usado quando é considerado
pertinente. Os sindicatos fazem o papel que lhes compete.
Sr.as e Srs. Deputados: Nós convivemos muito bem com esta legitimidade.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Nós também!
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — Já o CDS e o PSD não suportam, continuam a não suportar,
a legitimidade que existe nesta solução governativa. Já é tempo de se adaptarem ao que está a acontecer em
Portugal. Esse radicalismo tem pouco ou nada a ver com a realidade.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Não negamos, Sr.as e Srs. Deputados, que existem problemas e sabemos que muitos persistem ainda do
tempo e em resultado da vossa governação, mas já pudemos apresentar resultados, e foi isso que fizemos.
Segundo esclarecimento: não está prevista a redução de 35% das despesas com recursos humanos. Está
prevista, isso sim, a redução de 35% das despesas com a aquisição de serviços de profissionais de saúde, ou
seja, com o recurso à contratação em regime de prestação de serviços quer individual, quer através de
empresas. Estão em desacordo, Sr.as e Srs. Deputados?!