16 DE JUNHO DE 2017
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Gostava, no entanto, de reiterar algumas das questões que colocámos, também, na nossa primeira
intervenção. O Serviço Nacional de Saúde necessita, como todos sabem, de mais profissionais. É verdade que
não podemos estar dependentes de empresas, de tarefeiros, muitas vezes estas empresas atuam de forma
mercenária sobre o Serviço Nacional de Saúde, não há dúvidas sobre isso, mas esta medida tem de ser
complementada com outras.
As propostas do Bloco de Esquerda são claras neste assunto: reforçar os concursos para contratação de
mais médicos e enfermeiros, aliás, no Orçamento do Estado para 2017 consta uma norma colocada pelo Bloco
de Esquerda relativa a um concurso extraordinário de enfermeiros para o Serviço Nacional de Saúde. É preciso
concretizar e ir mais longe para a contratação de mais profissionais, mas é necessário, também, e é muito
importante, resolver a questão dos médicos recém-licenciados que não estão a ter acesso a formação
especializada. Em 2015, foram 114, em 2016, foram 158, em 2017, corre-se o risco de serem 700. Esta questão
vem de 2015, é verdade, mas é preciso resolvê-la.
O Serviço Nacional de Saúde tem falta de muitos médicos e ninguém compreende que um País onde o
Serviço Nacional de Saúde necessita de tantos médicos, em tantas especialidades, esteja a desperdiçar 700
médicos recém-formados, negando-lhes o acesso à especialidade e a um trabalho especializado. É necessário
encontrar soluções para abrir mais vagas e para que estes médicos possam ter acesso ao Serviço Nacional de
Saúde.
Voltamos a insistir numa outra medida proposta pelo Bloco de Esquerda, que já apresentámos aqui na
Assembleia da República, que foi chumbada pelo PSD, pelo PS e pelo CDS-PP, que tem a ver com uma maior
autonomia de contratação dos hospitais, especialmente dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, quando há
trabalhadores em ausência temporária de trabalho. Ou seja, se alguém, por exemplo, está de baixa, o hospital
deve poder contratar imediatamente um trabalhador para o substituir. São medidas fundamentais para melhorar
o Serviço Nacional de Saúde e melhorar o atendimento e os cuidados que são prestados aos utentes.
Aplausos do BE e do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Luís Vales.
O Sr. Luís Vales (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Parece que o
Deputado Moisés Ferreira não está recordado que este Governo está em funções quase há dois anos e com
um Orçamento do Estado que os senhores aqui apoiaram, aprovaram e com aqueles documentos que também
assinaram à porta fechada.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Luís Vales (PSD): — Portanto, a responsabilidade é repartida pelas diversas bancadas parlamentares
que apoiam o Governo.
Mas passo a falar da política do medicamento: em abril de 2016, o Sr. Ministro comprometeu-se com o
objetivo de atingir até 2019, ou seja, já daqui a dois anos, uma quota de mercado dos medicamentos genéricos
de 60%.
Entre 2011 e 2015, o anterior Governo fez subir esta quota, de 22% para 47%, mais do que a duplicou.
Nestes quase dois anos que levam de Governo, os senhores apenas aumentaram a quota de mercado dos
genéricos de 47% para uns muito pouco invejáveis 47,3%, repito, Sr. Ministro, 47,3%.
Quer dizer, em quatro anos, subimos a quota dos genéricos em 25 pontos percentuais e os senhores, em
dois anos, subiram-na em 0,3%. E o Sr. Ministro teve a coragem de dizer, na sua intervenção inicial, que
aumentou a quota de genéricos?! Pois foi, Sr. Ministro. Isto é verdade. Subiram-na 0,3%!
Sr. Ministro, esta estagnação nos medicamentos genéricos não contribui para a sustentabilidade do Serviço
Nacional de Saúde, afeta negativamente as empresas que os produzem, mas, acima de tudo, prejudica os
doentes, nomeadamente os mais desfavorecidos.
Talvez seja por isso, Sr. Deputado Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda, que o Governo esteja a esconder
de todos o valor da quota de mercado de genéricos desde dezembro de 2016, ou seja, há mais de meio ano.