I SÉRIE — NÚMERO 98
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O Sr. Ministro da Saúde: — Mas fica aqui o desafio: se, efetivamente, o PSD está tão preocupado com o
risco de o País não conseguir fazer mais formação com qualidade — porque esta formação é feita, como tenho
dito, com o parecer e a recomendação da Ordem, havendo até iniciativas para que haja uma auditoria externa,
para ver se tudo está a ser feito de acordo com o rigor que reconhecemos que a Ordem dos Médicos atribui a
este tipo de processos —, tem a possibilidade, tem o poder, se quiser, da iniciativa legislativa e de propor a
introdução de numerus clausus, porque, daqui por uns anos, já não teremos um número de médicos excessivo
para a capacidade formativa do País.
Finalmente, e pegando no que referiu a Sr.ª Deputada Carla Cruz, queria dizer que vale a pena também olhar
com muita atenção, ano a ano, entre 2011 e 2017, para o número de médicos reformados que regressaram ao
SNS (Serviço Nacional de Saúde) e para o número de médicos e enfermeiros que pediram licença para emigrar,
porque esse é um debate que vale a pena ter. É um debate em cima de factos concretos, não de factos
alternativos e não episódios, como temos estado a ouvir, infelizmente.
Em relação à questão dos 35% que a Sr.ª Deputada Paula Santos colocou, é evidente que, com esta medida,
o Governo pretende definir uma tendência e encontrará um tempo de transição que faça com que os hospitais
que possam ter médicos do quadro tenham sempre e só médicos do quadro.
Apesar de termos tido, nos últimos dois anos, a maior vaga de colocação de médicos no País, ainda não é
suficiente, não porque o valor absoluto dos médicos não seja bom, mas porque, infelizmente, e fruto de numerus
clausus errados, metidos de uma forma intempestiva, no fim da década de 80,…
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — Do Cavaco!
O Sr. Ministro da Saúde: — … há um problema geracional e há um conjunto de médicos de elevada idade
que estão a aproximar-se da reforma e os jovens que estão a chegar não são ainda em número suficiente para
suprir as necessidades efetivas.
Sr. Deputado José Luís Ferreira, a reforma da saúde pública, como é do seu conhecimento, está no
Parlamento e o Governo está aberto a todas as propostas de melhoria que o Parlamento entenda, no seu juízo
político, introduzir e, naturalmente, está atento. Aliás, é matéria da negociação que está a decorrer, neste
momento, com os sindicatos a questão dos suplementos remuneratórios dos médicos de saúde pública, assim
como a condição, nomeadamente, dos rácios dos médicos de saúde pública.
Portanto, seja por via da lei, que me parece menos provável, seja pela forma de decreto-lei, estamos abertos,
em sede de negociação com os sindicatos, a olhar para esse problema, que tem fundamento e é justificado que
seja referido.
Quanto aos transportes, a Sr.ª Deputada Ângela Guerra recorda-se — porque tem, seguramente, muito boa
memória — de que foi o seu Governo que introduziu os copagamentos. A Sr.ª Deputada recorda-se de que havia
doentes que não iam aos hospitais fazer tratamentos oncológicos porque não tinham dinheiro para os
transportes. Veja também, ano a ano, desde 2011 até 2017, o número de doentes transportados e o encargo
para esses mesmos doentes e compare os números de 2017 com os do tempo em que a Sr.ª Deputada tinha
responsabilidades de apoio a uma maioria governamental.
Aliás, Sr.ª Deputada, temos assinado um protocolo com a Liga dos Bombeiros Portugueses que prevê, entre
outros, a desmaterialização do processo de faturação, a passagem para um processo eletrónico, e tudo está a
decorrer com a normalidade possível e não temos notícia de que haja situações de rutura, porque, sempre que
elas existem, o Sr. Presidente da Liga informa a ACSS e esta resolve o problema.
Aplausos do PS.
Deixem-me, agora, responder detalhadamente em relação à questão da EMA, Agência Europeia de
Medicamentos, que a Sr.ª Deputada Cecília Meireles aqui levantou. Sr.ª Deputada, felizmente, para Portugal, a
possibilidade de candidatura não se esgota em Lisboa nem no Porto. Aliás, Coimbra acabou de manifestar
também vontade de o fazer e existiriam, seguramente, outras cidades com condições para tal. Portanto, a
acusação de provincianismo, de centralismo, não colhe!
O que se passou, Sr.ª Deputada, foi que, no momento da apresentação da candidatura, os serviços fizeram
um levantamento técnico, identificando quais seriam as condições que, no seu entender, permitiriam uma