I SÉRIE — NÚMERO 98
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A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Está recordado da razão do encerramento de vários serviços dos hospitais,
impedindo que, hoje, o número de vagas fosse mais alargado do que aquele que é?
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Reduziram, extinguiram, fundiram serviços e isso teve consequências, Sr.
Deputado.
Mas também lhe posso dizer o seguinte: o PCP apresentou uma proposta para o Orçamento do Estado para
2017 que foi no sentido de garantir vagas para todos os potenciais candidatos. Como votou o PSD? Absteve-
se. Aí está a preocupação do PSD em relação à formação médica especializada.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Exatamente! Bem lembrado!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Mas posso dizer mais: perante a proposta que o PCP aqui trouxe de
valorização do internato médico, na sequência da desqualificação e da desvalorização que foi protagonizada
pelo PSD e CDS, o que é que fez o PSD? Votou contra! Assim como o CDS e o PS, que também votaram contra.
Sr. Ministro, de facto, esta é uma matéria muito preocupante que queremos trazer a debate e, por isso, coloco
duas questões que faço, e que vão ser aprofundadas na Comissão de Saúde.
A primeira questão é a de saber o que é que está a ser feito no âmbito do cumprimento do Orçamento do
Estado e como dar resposta a estes médicos.
A segunda questão, Sr. Ministro, prende-se com a necessidade de contratar os profissionais de saúde
necessários ao Serviço Nacional de Saúde, na sequência da decisão da redução de 35% do recurso às
empresas exteriores.
Consideramos, aliás, que deveria ser feito um plano, um programa de cessação gradual destes contratos,
como consta do Orçamento do Estado. É isso que lhe pergunto, Sr. Ministro, porque a medida é no sentido de
reduzir a contratação de empresas e de aumentar a contratação direta por parte do Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Ângela Guerra, do PSD.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro,
a última síntese de execução orçamental relativa ao SNS, de abril de 2017, diz-nos que o montante dos
pagamentos em atraso dos hospitais E.P.E. se agravou em 167 milhões de euros. Comparando com o período
homólogo de 2016 isto representa uma deterioração de 31% em apenas 1 ano. Isto, Sr. Ministro, parecendo que
não tem qualquer tipo de influência na vida das pessoas, tem muita.
Tudo isto e o facto de o senhor não pagar as contas tem também como consequência a asfixia financeira de
muitas instituições que fornecem serviços e prestam serviços ao SNS como as associações de bombeiros, não
poucas das quais, Sr. Ministro, estão em estado de pura agonia. O seu Governo não só não aumentou o
financiamento aos bombeiros em termos comparativos com 2016 como agora, com as suas más contas, coloca,
pelo menos, 210 associações humanitárias a lutar pela sua sobrevivência.
O Sr. Ministro deve 30 milhões de euros, um aumento de 50% nesta dívida, e deve mais de sete meses aos
bombeiros deste País; ao distrito da Guarda, com 23 associações, a ULS (unidade local de saúde) deve 1 milhão
de euros, ao distrito de Viseu, com 33 associações, devem 2 milhões de euros.
As desculpas são muitas, Sr. Ministro, desde pedidos de esclarecimento sucessivos e despropositados sobre
faturação. Se não fossem as antecipações de dinheiros, que, reiteradamente, alguns municípios fazem a estas
associações humanitárias e que todos os dias salvam muitas vidas neste País, há muito que os seus serviços
estariam em causa e com responsabilidade sua, Sr. Ministro.
A pergunta que faço é: Sr. Ministro, o que é que tem a dizer aos bombeiros de Portugal sobre esta questão?
Uma outra questão, Sr. Ministro, tem a ver com os transportes de doentes efetuados — veja-se lá —, na
grande maioria, por estas associações de bombeiros a que o Sr. Ministro votou a esta asfixia financeira.