16 DE JUNHO DE 2017
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A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — E estão também no domínio do tipo de argumentos que, pura e
simplesmente, justificam que tudo se concentre num só lugar — e este é o argumento n.º 2 —: está cá o Infarmed
e, portanto, naturalmente, só pode ser cá, só pode ser em Lisboa.
Sr. Ministro, vai haver algum momento em que alguma coisa possa ser nalguma cidade do País se pusermos
tudo absolutamente dependente da pré-existência de serviços públicos que estão centralizados? Será possível?
É que, Sr. Ministro, o Governo, nos discursos e até em processos legislativos de declaração de intenções, fala
muito de descentralização, mas, depois,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … quando chega à hora da verdade, quando chega a hora de fazer
alguma coisa, faz coisas como a resolução do Conselho de Ministros a decidir a candidatura portuguesa, que,
como lhe digo, é um hino ao desconhecimento do seu próprio País e ao mais profundo provincianismo no
tratamento destas questões.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Ministro, dê razão ao CDS e fica tudo em Évora.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — A questão, Sr. Ministro, é muitíssimo mais profunda do que decidir
entre várias cidades, entre Lisboa, Porto, Braga e Coimbra, vai muito mais longe do que isso, passa por decidir
que tipo de País se quer. Quer-se um País em que o Governo decide por decreto que a única possibilidade, sem
olhar a critérios ou partindo de preconceitos provincianos, é uma ou, pelo contrário, vai passar a haver critérios
transparentes?
Quando diz que o que justifica a candidatura nacional são a longa participação portuguesa, as valências
socioeconómicas, a localização geográfica privilegiada — suponho que se estivesse a referir ao País —, e a
experiência no acolhimento de organismos europeus e sinergias, o Sr. Ministro acha mesmo que este é o modelo
de País que quer desenvolver?
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Com certeza, Sr. Presidente, terminarei.
Diga-me uma coisa: quando olha para a Europa acha que se está a comparar bem, ou que se está a comparar
mal?
Portanto, o que lhe pergunto é: vamos finalmente ter um processo transparente nesta matéria em que o
nosso País faz uma candidatura que é de todos e não apenas dos preconceitos e do bairrismo de alguns?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Paula Santos, do PCP.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr. Ministro, não posso deixar de
iniciar a minha intervenção sem fazer uma referência à intervenção que ouvimos aqui, por parte do PSD, e à
sua pretensa preocupação acerca do acesso à formação médica especializada.
Então, o Sr. Deputado não sabe e não assume as responsabilidades que tem por hoje centenas e centenas
de jovens médicos que podem ficar fora do acesso à formação médica especializada? Está recordado por que
é que um conjunto de médicos seniores se aposentaram antecipadamente, não permitindo a transferência desse
saber para os jovens médicos?
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Exatamente!