29 DE JUNHO DE 2017
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o diferencia dos restantes portugueses, do que é que significa ser Primeiro-Ministro, que é coordenar a
Administração Pública, certamente, é fazer as perguntas internas e é ter respostas para dar, e respostas que
são políticas, com certeza.
E deixe-me lembrar-lhe que, se calhar, quando era líder da bancada parlamentar do Partido Socialista, em
2003, talvez tivesse a perceção quando disse, num debate em 16 de agosto de 2003, nesta Casa, o seguinte:
«não iremos demitir-nos da função de apurar todas as responsabilidades e de fiscalização política da ação do
Governo.»
É de responsabilidade política que estamos a falar quando se fala de respostas tão diversas e contraditórias
entre si e quando não se ouve o Governo a coordenar ou a dizer o que quer que seja. Por exemplo, o Governo
ainda não conseguiu explicar por que é que nunca o coordenador máximo da proteção civil — aliás,
recentemente empossado por VV. Ex.as — assumiu o comando operacional deste incêndio. Há alguma coisa
mais importante para fazer do que isto, quando morrem 64 pessoas? Haverá alguma coisa mais importante para
fazer do que assumir esta coordenação operacional? É que eu não vejo!
E devo dizer também, Sr. Primeiro-Ministro, que, na altura, o Sr. Deputado Vitalino Canas dizia, nesse mesmo
debate, o seguinte: «A pergunta que se coloca ao Sr. Primeiro-Ministro, ao Ministro da Administração e aos
restantes ministros é se tem coragem para dizer, olhos nos olhos, às populações, aos bombeiros, aos autarcas
que o Governo fez tudo o que podia fazer.»
Ora, é isto que é preciso perguntar e com certeza que as respostas são múltiplas, mas a resposta política
urge e faz falta. E não é perguntar para baixo, é dizer para fora o que é que se passou, o que é que se está a
passar e como é que se garante que daqui a 15 dias, daqui a um mês ou daqui a três semanas não vai acontecer
o mesmo quando tivermos mais incêndios.
É essa parte, Sr. Primeiro-Ministro, a parte de ser um rosto de confiança para os portugueses que se exige
de um Primeiro-Ministro.
E lamento, mas não é…
O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o seu tempo, Sr.ª Deputada
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Vou concluir, Sr. Presidente.
E, lamento, não é expondo as contradições da administração, não é expondo as contradições das versões,
não é expondo a fragilidade da coordenação que o Sr. Primeiro-Ministro dá o exemplo de ser um rosto de
confiança para os portugueses, que é aquilo que tem de ser e que é aquilo que o Governo tem de ser.
Portanto, volto a dizer: hoje, aqui, e nós continuaremos a insistir neste ponto, é preciso uma resposta política.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro António Costa.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, temos certamente modos
diferentes de entender a forma como responsavelmente exercemos as nossas funções. O entendimento que
tenho é o de perguntar primeiro e tirar conclusões em função das respostas que obtenho. Percebo que haja
pessoas que têm outro critério.
O Sr. Filipe Lobo d´Ávila (CDS-PP): — Não era assim!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Não era assim em 2003!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Admito que haja pessoas que prefiram tirar conclusões primeiro e, depois, a
seguir, perguntar. São métodos, mas garanto-lhe o seguinte: o método que eu sigo é aquele que eu acho que
qualquer responsável político deve seguir.
Aplausos do PS.