I SÉRIE — NÚMERO 102
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A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Tem noção disso?!
A confiança está destruída e continuará destruída enquanto o senhor não tiver também uma palavra política
sobre esta matéria.
Ser Primeiro-Ministro não é ser um cidadão igual a todos os outros; nós todos, e todos os que estão lá fora,
certamente que colocaram as questões que estão ao seu alcance, que estão ao alcance da sua experiência e
ao alcance do seu entendimento, mas a resposta que se pede de um Primeiro-Ministro é outra e é isso que está
a falhar desde a primeira hora.
Obviamente que queremos todos os esclarecimentos, mas também queremos coordenação política, também
queremos resposta política para esta matéria e aquilo a que assistimos é a um espetáculo, um espetáculo de
um falhanço de coordenação, que, hoje, se percebe que existe, e tanto se percebe que existe que, agora, temos
as várias entidades cada uma a «chutar para seu canto», não havendo nenhuma voz que, por cima, as mande
calar ou que arbitre essas mesmas respostas.
E por falar em coordenação, Sr. Primeiro-Ministro, há uma pergunta que ainda não foi feita e que me deixa
bastante inquieta e com vontade de saber qual é a resposta, que, naturalmente, depende do Governo, e que é
a seguinte: por que é que o Comandante Operacional Nacional nunca assumiu o controlo das operações num
incêndio com 64 vítimas mortais?
Aplausos do CDS e de Deputados do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, pode acusar-se este Governo de muita coisa
menos de silêncio. Não estivemos em silêncio! Não estivemos em silêncio quando foi necessário apoiar quem
estava a combater os incêndios, nem a Sr.ª Ministra, que esteve no terreno, nem o Sr. Secretário de Estado,
que esteve no terreno, nem eu, que estive no Comando Nacional de Operações.
Não estivemos em silêncio quando era necessário dar a resposta de emergência e, no próprio domingo de
manhã, eu, o Sr. Ministro da Agricultura e o Sr. Ministro do Planeamento estivemos no terreno trabalhando com
os presidentes de câmara para ver qual era a resposta imediata que tínhamos de dar.
Não estamos em silêncio quando se trata de reconstruir, porque já estamos não só a reconstruir como a
planear a reconstrução numa base estrutural que altere toda a estrutura e a dinâmica daquela região, permitindo
o reordenamento florestal e a revitalização económica.
Mas também não estive em silêncio quanto ao apuramento de responsabilidades. Desculpar-me-á dizer-lhe
mas, se alguém fez perguntas, primeiro, fui eu, que na própria segunda-feira coloquei três questões ao Instituto
Português do Mar e da Atmosfera, à Guarda Nacional Republicana e à Autoridade Nacional de Proteção Civil,…
Protestos do PSD.
… e desde aí temos vindo sempre a perguntar, a obter respostas e a fazer uma coisa que é não calar ninguém
nem esconder o que dizem.
Aplausos do PS.
É que se há forma de dar confiança ao País é o País saber que o Governo nem manda calar nem esconde
o que ouve. Todos podem saber, porque é isso que dá confiança às pessoas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, de facto, fico cada vez mais
perplexa, porque percebo que o Sr. Primeiro-Ministro, se calhar, não tem ideia total da sua função, do que é que