29 DE JUNHO DE 2017
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, essa não é uma pergunta política, é a pergunta
que qualquer pessoa faz perante esta tragédia humana, seja político ou não seja político.
Por mim, considero que, para responder a essa pergunta, preciso de saber qual é a causa provável da origem
do incêndio e saber qual é a dinâmica que o incêndio teve.
O IPMA (Instituto Português do Mar e Atmosfera) deu uma primeira resposta e disse que está a fazer um
estudo aprofundado e, por mim, aguardo pelo estudo antes de me pôr a dar palpites.
Em segundo lugar, é necessário perceber e compreender qual é a dinâmica que o incêndio teve. No próprio
dia do incêndio, a Sr.ª Ministra solicitou ao Prof. Xavier Viegas um estudo sobre a dinâmica deste incêndio em
concreto e acho que essa é uma questão absolutamente essencial.
Depois, há todas as outras questões, nomeadamente as de saber por que é que o sistema de comunicações
falhou ou não falhou, como falhou e que consequências teve, se as operações relativas à gestão do tráfego
foram determinantes ou não, se podiam ou não ter sido previstas, se tiveram ou não alguma relação causal.
Há, pois, este conjunto de questões que nos permitirão responder à sua pergunta, mas o que lhe posso
assegurar é que a minha curiosidade sobre a resposta a estas perguntas não é menor do que a sua nem é
menor, certamente, do que a de todos os outros portugueses.
Agora, há uma coisa que também tenho a certeza: ninguém quer respostas precipitadas. Toda a gente quer
responder sabendo com segurança e com confiança a resposta que está a dar. Por mim, prefiro aguardar para
ter a certeza do que digo do que lhe dizer agora algo que amanhã não possa confirmar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, tenho ouvido, ao longo dos
últimos dias, exatamente isso e hoje, devo dizer, esperava mais neste debate, porque fico perplexa quando oiço
um Primeiro-Ministro dizer que tem curiosidade. Curiosidade não é algo que um Primeiro-Ministro tenha, um
Primeiro-Ministro tem de ter responsabilidade,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — … responsabilidade para perguntar aos seus serviços, da sua
administração, para exigir explicações desses serviços, e se elas são contraditórias, se calhar, tem de os sentar
à mesa ou tem de arbitrar essas contradições, porque, Sr. Primeiro-Ministro, naturalmente que haverá muito
tempo para esclarecer tudo mas aquilo a que os portugueses não podem assistir, hoje, é a vários serviços,
vários deles da alçada do Ministério da Administração Interna, dizerem coisas diferentes, incompatíveis entre si,
e haver o silêncio político do Governo.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Não há ninguém no Governo que ponha ordem na casa? Não há
ninguém que diga às pessoas que se não têm uma resposta consensual e definitiva, então, que estejam calados,
porque isto destrói a confiança nas instituições?
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — O Sr. Primeiro-Ministro tem noção de que estamos à beira das férias
e que há muitas famílias com crianças a irem para campos de férias — de escuteiros ou outros — para as
nossas florestas e que, neste momento, têm medo de deixar as suas crianças irem?
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso é de uma irresponsabilidade…