I SÉRIE — NÚMERO 107
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Europeia, pondo em causa princípios tão importantes como o princípio da igualdade entre os Estados e pondo
em causa a lógica da coesão e da solidariedade que fazem parte do processo europeu.
Uma União Europeia incapaz de reagir à enorme crise humanitária dos refugiados e que, com isso, também
assistiu a uma crise institucional, e uma União Europeia com muito pouca ambição para relançar o investimento,
para relançar um crescimento sólido e sustentado e, nessa medida, continuar a reduzir o desemprego.
Este era o panorama político há pouco mais de um ano e meio. E, em circunstâncias tão pouco auspiciosas,
os europeus conseguiram dizer que não ao populismo, não à fragmentação europeia e não à paralisia
institucional da própria União.
No último ano e meio, foram muitas as batalhas que aconteceram dentro da União Europeia e a divisão não
foi entre esquerda e direita, foi, acima de tudo, entre os defensores da integração europeia e aqueles que querem
uma dissolução do projeto europeu. Mas a Europa teve a capacidade de vencer essas batalhas, e não foram
poucas.
Vencemos, em junho de 2016, uma batalha contra o populismo do Podemos, em Espanha; vencemos, em
dezembro de 2016, o extremismo do Partido da Liberdade da Áustria; vencemos, em março deste ano, o
radicalismo do PVV do Sr. Wilders, na Holanda; e vencemos, em maio deste ano, o protecionismo da Frente
Nacional, da Sr.ª Le Pen, e da França Insubmissa, do Sr. Mélenchon, que são exatamente iguais.
Protestos do BE e do PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Branqueamento fascista!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Aliás, mesmo dentro da nossa Casa, já vemos o Partido Socialista
a gozar, a fazer remoques ao imobilismo, ao apagão, à falta de capacidade de intervenção do Bloco de Esquerda
e do Partido Comunista Português, perante o silêncio desse mesmo Bloco e desse mesmo Partido Comunista.
Por isso mesmo, felizmente, estamos no caminho certo, de combate aos populismos, aos protecionismos,
de combate àqueles que são contra o projeto da União Europeia…
Protestos do BE e do PCP.
Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Peço aos Srs. Deputados para deixarem ouvir o orador.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Ó Sr. Presidente, nós já estamos habituados!
O Sr. Presidente: — Mas há hábitos que não são bons.
Faça favor de prosseguir, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sempre que queremos fazer uma defesa do projeto europeu, as
vozes que são contra a União Europeia são sempre muito vocais, aqui,…
Aplausos do CDS-PP.
… o que, aliás, demonstra mesmo o apreço que têm pela participação democrática no projeto da União, Sr.
Presidente. Já estamos habituados.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Está a branquear fascistas e ri-se!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Mas, por isso mesmo, Sr. Presidente, é altura de lembrarmos que
derrotámos aqueles que se alimentam dos medos, aqueles que se alimentam das deficiências da União
Europeia, aqueles que apelam sempre à divisão e ao protecionismo. E é também altura de dizermos que a União