8 DE JULHO DE 2017
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tem de dizer «não» à sua paralisia, tem de dizer «não» à sua hesitação, tem de sair da sua posição muito imóvel,
que, infelizmente, foi uma constante em 2016.
A Europa não aguenta mais anos assim! E se, por um lado, a Europa não pode deixar de pensar sobre o que
é o seu próprio futuro — e o CDS já disse, de forma muito clara, que reconhece o mérito da apresentação do
Livro Branco sobre o Futuro da Europa e de todos os relatórios e documentos que foram apresentados —, por
outro lado, também dizemos que não podemos deixar de adotar já as medidas que foram acordadas e que
continuam por implementar. Nesse sentido, é urgente completar a União Económica e Monetária,
nomeadamente a última «perna do tripé», que é a da união bancária. Infelizmente, desse ponto de vista, também
perdemos dois anos, mas este Governo, finalmente, veio assumir uma posição que era histórica no Governo
português. Infelizmente, repito, perderam-se dois anos nesse mesmo processo e, ao longo desse período, não
vimos o Governo português muito preocupado com este dossier, que é essencial para restabelecermos a
confiança e o financiamento da nossa economia, pois só com isso é que teremos um crescimento económico
sólido e sustentável.
Sr. Presidente, no tempo de que ainda disponho, quero só suscitar duas questões que me parecem muito
relevantes. A primeira tem a ver com uma das prioridades do programa estónio, que é a da segurança e da
defesa, as quais, infelizmente, continuam a ser liderantes na agenda europeia. A verdade é que identificámos o
terrorismo como uma das principais linhas que ameaçam o próprio processo da União Europeia e, nesse sentido,
gostava de saber o que é que o Governo português tenciona fazer para restaurar a confiança dos nossos
parceiros internacionais, confiança essa que, infelizmente, foi abalada com o sucedido em Tancos. É que o
maior roubo de armamento, do ponto de vista da defesa, ocorrido este século na União Europeia, aconteceu em
Portugal, em Tancos. Por isso, gostaríamos de saber o que é que o Governo português se propõe fazer para
restaurar essa mesma confiança.
Também nesse sentido, porque também se trata de uma matéria que tem a ver com a credibilidade,
gostaríamos de saber o que é o Governo português se propõe fazer para recuperar o atraso que temos na
transposição de diretivas. Caso contrário, daqui a um ano, estaremos a fazer uma crítica ao Governo português,
que é a de ter passado a ser um dos países mais incumpridores no espaço da União Europeia.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Vitalino Canas.
O Sr. Vitalino Canas (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Este é um
debate que fazemos todos os anos. É um debate sobre o estado da participação de Portugal na União Europeia
e outros temas subjacentes, debate este que antecede convenientemente o debate sobre o estado da Nação.
O debate que fazemos este ano é um debate que tem um tom diferente dos debates antecedentes — e a
Sr.ª Secretária de Estado já teve oportunidade de o frisar. Por um lado, a imagem de Portugal na União Europeia
melhorou. Portugal, no ano passado, quando fizemos este debate aqui, enfrentava uma situação de
generalizado ceticismo nas instituições europeias sobre a capacidade de o seu Governo cumprir o seu Programa
e os compromissos internacionais no quadro da União Europeia.
Hoje, quando estamos aqui a fazer este debate, aquilo que sentimos que vem da União Europeia é a
confiança, a confiança em que o Governo cumpra os seus compromissos internacionais e faça com que Portugal
avance. Trata-se, portanto, de um tom diferente.
Por outro lado, é também diferente a circunstância em que nos encontramos na União Europeia. No ano
passado, enfrentávamos conjunturas adversas. Enfrentávamos o Brexit, enfrentávamos problemas relacionados
com os refugiados, que continuamos a enfrentar, mas procurávamos reagir à conjuntura, em vez de pensar no
futuro.
Hoje, estamos também a pensar no futuro da União Europeia. E esse debate sobre o futuro da União
Europeia é um debate relevante, é talvez o debate mais importante que hoje temos, porque é um debate que
não apenas condiciona o futuro da União Europeia mas que irá também condicionar o novo quadro plurianual
financeiro que irá decorrer depois de 2021. Tudo aquilo que decidirmos nos próximos meses será importante
também nesse quadro. Portanto, os documentos de reflexão que a Comissão Europeia tem produzido são