I SÉRIE — NÚMERO 108
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Empenhámo-nos no combate à precariedade e quer no Estado, quer no setor privado vamos dar prioridade
a esse combate.
Empenhámo-nos e demos prioridade ao combate ao desemprego juvenil e vamos dar consequência a esse
combate.
Esses são os compromissos que temos no Programa do Governo e são esses compromissos que
naturalmente iremos cumprir e honrar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, em nome do Grupo Parlamentar do CDS-PP, tem a palavra
a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, no momento em que debatemos
o estado da Nação, vejamos, então, como estamos.
Neste ano, bateu-se o recorde na arrecadação de impostos por cada português. Foi também o ano da maior
falta de transparência na gestão da despesa do Estado de que há memória: 1000 milhões de euros cativados
em definitivo, ou seja, cortes cegos que passaram da ameaça a verdadeira existência.
Este foi o ano da austeridade das esquerdas unidas que atingiu escolas — que fecharam por não terem
funcionários —, hospitais — onde cirurgias e consultas foram adiadas —, saúde — onde as dívidas aumentaram
e onde os protestos dos profissionais sobem de tom em cada dia que passa.
Foi o ano do desinvestimento instalado um pouco por todo o lado, dos transportes ao emagrecimento dos
cursos de formação profissional — a tal área da formação que o Governo tanto gosta, mas em que, de norte a
sul do País, as queixas da indústria aos centros são enormes.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Mais ainda do que o inédito volume das cativações, o seu maior
problema não é o facto de existirem — aliás, o Sr. Primeiro-Ministro até aqui assumiu 30% de cativações como
método de trabalho do seu Governo —, o problema é que, depois, no concreto, o Governo, nos vários
ministérios, nos vários ministros, nas várias secretarias de Estado, simplesmente não assume com transparência
esses cortes.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — E porquê? Porque isso é incompatível, porque o discurso oficial do
Governo, depois, não cola com a realidade, não cola com a ação.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, faria bem se, neste momento de balanço, nos dissesse, por uma vez, onde e
como está a cortar. Pergunto: é este o fim da austeridade, da sua austeridade? Não se vê onde!
A tudo isto poderíamos juntar as trapalhadas na educação — da fuga de informação no exame de Português
ao erro de correção na Matemática — ou os problemas na justiça, com a ameaça de greves por parte dos juízes.
Tínhamos, e temos, tanto para explorar que nem seria necessário sublinhar que um ano volvido, quando
olhamos para a dívida pública portuguesa, pouco ou nada aconteceu e, quando olhamos para a análise de risco
que hoje nos é atribuída, não estamos melhor do que em 2015, dois anos volvidos.
Na verdade, Sr. Primeiro-Ministro, hoje tudo isto foi passando ao lado e foi assim porque, nas últimas
semanas, o País viu-se confrontado com o falhanço mais básico do Estado, aquilo que justifica a sua própria
existência: o exercício das funções de soberania, onde cabem a segurança e a proteção dos cidadãos. Isto
porque o inimaginável aconteceu com a tragédia dos incêndios, com as perdas humanas que a todos uniu na
dor e que pôs a nu uma falha gravíssima do Estado na proteção dos cidadãos.
A confiança quebrou-se e era urgente repará-la de imediato. E o que é que nós vimos? Uma total
descoordenação: um Governo inapto para lidar com uma crise; uma Ministra absolutamente incapaz de afirmar
comando, autoridade, de gerar confiança e segurança; um Primeiro-Ministro a desautorizar a sua Ministra, a