13 DE JULHO DE 2017
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mesma em quem diz manter a confiança política, um Primeiro-Ministro preocupado com estudos de
popularidade.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — É isto — pergunto — o exercício da autoridade básica do Estado na
sua função de proteger as pessoas? Não se vê como!
Duas semanas depois, o País ficou, de novo, perplexo com outro episódio que, mais uma vez, atingiu o
coração do Estado soberano: o roubo das armas em Tancos. Assistimos lívidos à inação e à ligeireza do Ministro
da Defesa Nacional e testemunhámos a ausência política do Sr. Primeiro-Ministro. E percebemos a sua tática.
Vimo-la no último Orçamento do Estado, vimo-la, de novo, na semana passada: quando a conversa não
interessa, pura e simplesmente, o senhor desaparece de circulação. Não usa a palavra, não dá a cara!
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
Acha que basta mergulhar e esperar que a onda má passe, de forma a, depois, poder voltar a surfar uma
qualquer onda boa para a qual pouco ou nada contribuiu.
Hoje, ouviu aqui elogiar a economia, as exportações, o investimento. Quanto desse é que é investimento
público e quanto é que é investimento privado? Quantas exportações é que são do Estado? São das empresas,
Sr. Primeiro-Ministro, são das empresas!
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
Protestos de Membros do Governo.
Mas de cada vez que se recusa ao debate, de cada vez que desvaloriza um episódio, de cada vez que se
furta a assacar responsabilidades políticas, é a credibilidade do Estado que é posta em causa, é a credibilidade
do Estado que se afunda.
O País ficou em sobressalto: cinco comandantes foram liminarmente exonerados; o Chefe do Exército
considerou-se humilhado; o Presidente da República preocupou-se, foi a Tancos, levando o Ministro da Defesa
a reboque, inteirou-se da situação, pediu que tudo fosse esclarecido e reuniu com os chefes militares.
O Sr. Primeiro-Ministro voltou e declarou que afinal tudo era sucata, que afinal não havia problema de
maior,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — É verdade!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — … que, aliás, até já sabia disso quando se tinha ausentado.
Pela sua lógica, daqui a pouco, até estamos a agradecer terem levado o material roubado, porque assim
sempre poupamos o custo de o desmantelar.
Risos e aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
De duas, uma: ou sabia e foi ainda mais ligeiro do que podíamos imaginar, porque deixou que as maiores
dúvidas se instalassem sem qualquer esclarecimento cabal, ou não sabia e está agora a montar uma narrativa
para tapar uma falha grave.
Diga-nos hoje, cara a cara, se tiver coragem para tal: garante-nos que as armas não podem ir parar a redes
de criminalidade transnacional organizada, que ameaçam a vida das nossas sociedades?
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Garante-nos que não há qualquer potencial de morte e de destruição,
em Portugal ou fora de Portugal, com estas armas?