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I SÉRIE — NÚMERO 108

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Poupem-nos, pois, por favor, ao estafado exercício de faz-de-conta destes quase dois anos e, agora que

preparam o vosso terceiro Orçamento do Estado, sejam menos fantasiosos, dissimulem menos e assumam com

transparência as opções inerentes ao cumprimento do objetivo de médio prazo para as contas públicas.

Aplausos do PSD.

E, já agora, também está na altura de deixarem de lado essa estratégia do inimigo externo, da

desresponsabilização e do passa-culpas. A retórica habitual, sempre que alguma coisa falha, resume-se a que

a culpa nunca é vossa: ou ainda é minha, que já saí do Governo há praticamente dois anos, ou é do mundo

inteiro. Mas essa infantilização da política não se coaduna com a enorme responsabilidade que hoje têm na

governação do País.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Sr. Presidente, Minhas Senhoras e Meus Senhores, é oportuno também salientar que estes resultados que

o País tem alcançado, sobretudo na aceleração do crescimento e do emprego nos meses mais recentes,

apareceram mais tarde do que teria sido possível se, em finais de 2015, a emergência desta solução governativa

não tivesse suscitado tantas incertezas e dúvidas. Sim, Srs. Deputados, os factos mostram que crescemos

menos em 2016 do que em 2015 e essa desaceleração não pode estar associada senão à mudança de

orientação da política económica e à incerteza da nova solução de Governo.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Quer fazer cortes outra vez?!

O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — O clima de reversões efetuadas sobre as reformas estruturais atrasou

a nossa recuperação.

Podemos hoje constatar que o Governo perdeu tempo e ritmo no crescimento, na melhoria do rating, na

amortização antecipada da dívida, entre outros exemplos. Desperdiçou, incompreensivelmente, oportunidades

muito favoráveis que outros países aproveitaram bem melhor, como os juros muito mais baixos propiciados pela

política do Banco Central Europeu e que teriam permitido reduzir muito mais os custos da dívida, ou como o

petróleo mais barato, que teria consentido melhor competitividade, se não fosse a voragem fiscal incrementada.

De facto, estamos a crescer em 2017 o que se esperava pudesse ser alcançado em 2016. E, em matéria de

rating, não podemos esquecer que, em 2014, a Fitch colocava-nos em perspetiva positiva para sair do lixo e foi

preciso aguardar quase dois anos para retomar essa perspetiva, depois de a geringonça se ter anunciado.

Nada disto teria importância maior se os nossos desequilíbrios estruturais não fossem tão relevantes e se o

tempo fosse recuperável, coisa que nem a geringonça consegue fazer acreditar.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Dê-se ao respeito!

O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Mas, sobretudo, o País poderia estar melhor hoje e para futuro se o

Governo, em vez de andar à boleia da conjuntura e a colher os frutos das reformas realizadas no passado,

estivesse a agir para empreender novas reformas que impulsionassem o crescimento futuro, guardando nos

anos melhores para fazer frente aos piores anos e mobilizando o País com um projeto ambicioso.

Bem sei que a geringonça considera tudo isto inconcebível. Do alto da sua autossuficiência e sentimento de

superioridade, a maioria parlamentar desdenha ou procura ridicularizar tudo o que não a elogia ou que lhe vê

defeito. E como alguém que se acha acima da crítica e é impermeável a ideias diferentes, maravilhada com o

sucesso da sua política preferida — a política de comunicação —, decide, frequentemente, não responder aos

adversários no palco parlamentar e desafia despudoradamente tudo o que são instituições independentes que

não vêm ao beija-mão ou que não aceitam placidamente as orientações da «tutela governamental»,…

Aplausos do PSD e do CDS-PP.