13 DE JULHO DE 2017
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… por mais estranho que possa soar a referência a «tutela» quando nos reportamos a organismos que têm
um estatuto independente.
O Governo e a maioria também têm a maior relutância em aceitar como natural o escrutínio democrático, a
prestação de contas e a fundamentação das suas decisões. Mas a verdade é que bastou uma série de eventos
imprevistos — alguns trágicos, outros simplesmente preocupantes e constrangedores —, somados a umas
quantas notícias adversas para que, de repente, o Governo maravilha e a maioria estável, duradoura e coerente
acabassem a mostrar toda a sua insuficiência e dessem sinal de enorme desorientação e desarticulação.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Sim, Srs. Deputados, a meio da Legislatura, o País descobriu que a
economia pode até estar a andar melhor mas que a responsabilidade política está a fracassar em grande estilo.
Aplausos do PSD e de Deputados do CDS-PP.
As últimas semanas mostraram bem que a maioria e o Governo só funcionam e existem para as coisas boas
ou para as notícias boas.
A metade do Governo e da maioria que deveria existir também para os momentos imprevistos, para as más
notícias e para preparar as mudanças de fundo, a pensar estrategicamente no País e no futuro, ou não existe
ou é simplesmente desconcertante e desmoralizadora.
Ora, o que só existe para os momentos bons não é o mais necessário, até porque quando tudo corre bem é
quando o Governo menos falta faz. E se a metade de Governo que está em falta não aparece nos momentos
mais problemáticos, então falta Governo e liderança onde são mais precisos.
Aplausos do PSD.
Ora, nestas semanas, é patente que o Governo não existiu para o que era mais importante. Mas isso não
parece incomodar nem o Governo nem a sua maioria.
O que tem jogado bem com esta solução de Governo e esta maioria são alguns resultados paradoxais. Por
um lado — vimo-lo aqui —, ataca-se no discurso o suposto modelo de baixos salários, por outro observa-se na
economia que nunca nos anos mais recentes tantos trabalhadores estiveram condenados aos mais baixos
salários e com o salário médio a baixar.
Faz-se uma retórica a defender a melhoria das qualificações dos portugueses, mas a prática mostra um
contínuo ataque à exigência na educação e a promoção do facilitismo; proclama-se publicamente amor e defesa
do Serviço Nacional de Saúde, mas a observação fática mostra as instituições da saúde cada vez mais
endividadas, os seus profissionais com piores condições de trabalho e a falta de oferta pública gritante a dificultar
o acesso à saúde.
Fazem-se juras ao combate à precariedade e ataca-se o passado por só ter conseguido a vinculação de
perto de 4000 professores, mas o trabalho de meia legislatura permitiu que houvesse maior precariedade no
Estado e não deu, pelo menos até hoje, para vincular se não pouco mais de 100 professores.
Aplausos do PSD.
Enfatiza-se a indispensabilidade de apostar no reforço da ciência, do papel das bolsas de investigação e do
emprego científico, mas os resultados revelam, afinal, a quebra do investimento, o adiamento de pagamentos e
de novos concursos e a diminuição de bolsas atribuídas.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Muito bem!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Sr. Presidente, Minhas Senhoras e Meus Senhores, permitam-me
ainda, para ilustrar o estado do Governo e da sua maioria, que enumere uma sequência de circunstâncias
ocorridas ao longo deste tempo e que fala por si: o Primeiro-Ministro diz ao País que aceitou o pedido de