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I SÉRIE — NÚMERO 1

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Sr.as e Srs. Deputados: A EDP não se conforma com a mudança do ciclo político nem com algumas decisões

de defesa do interesse público tomadas pela maioria no Parlamento e pelo Governo. Reage num surto de

litigância judicial e numa ofensiva de propaganda, alegando que existe e está em curso uma guerra contra a

EDP.

Só em 2017 a EDP já interpôs três ações judiciais contra o Estado, uma delas diretamente contra a pessoa

do atual Secretário de Estado. Ora, na sequência da constituição como arguidos dos principais administradores

da EDP, a atenção pública às rendas excessivas pagas desde 2007 a título de subsídios CMEC (Custos de

Manutenção do Equilíbrio Contratual), levou a uma generalizada exigência de rigor e de correção políticas e a

EDP deixou de parecer intocável.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!

O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — É cada vez mais flagrante que os lucros astronómicos do setor elétrico

assentam em más políticas e na promiscuidade com o poder. Ora, nos próximos tempos é de esperar um reforço

da propaganda e mais queixas do setor sobre a perseguição e sobre a má vontade do poder político. Não é de

esperar outra coisa, até porque estamos nas vésperas da revisão dos CMEC, com vista à definição da

remuneração futura das centrais cobertas por este regime. Esse acerto de contas deverá recuperar a favor dos

consumidores o que foi cobrado excessivamente ao longo de 10 anos. Deve ser obedecida a decisão do

Parlamento que, com a única abstenção do PSD, apelou à eliminação, no futuro, das rendas excessivas no setor

elétrico.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!

O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Enquanto Portugal for o paraíso do «rentismo» no setor elétrico, vamos

continuar a ser recordistas nos preços, recordistas na pobreza energética e recordistas na mortalidade sazonal.

E os anúncios de políticas sustentáveis de transição para as renováveis ou de eficiência não passarão de

publicidade enganosa.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!

O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — No processo de revisão dos CMEC, e em geral no combate às rendas

excessivas no setor elétrico, as expectativas sobre a atuação do Governo aumentam com as decisões corretas

que vêm sendo tomadas nesta área.

Se for posto cobro a este escândalo poderemos, finalmente, verificar nos preços da eletricidade em Portugal

o início de uma redução sensível, urgente como ela é num país onde a pobreza energética faz vítimas todos os

anos.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Estão inscritos quatro Srs. Deputados para formularem perguntas ao Sr.

Deputado Jorge Costa, que entretanto informou a Mesa que irá responder em conjuntos de duas.

Em primeiro lugar, por ordem de inscrição, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Pereira, do Partido Socialista.

O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Jorge Costa, antes de

mais agradeço-lhe ter trazido este tema tão relevante para o País, até porque a energia e as respetivas políticas

públicas relacionadas com a energia tornaram-se, no nosso ponto de vista, no grande exemplo que prova que

o País está diferente e está a olhar para as pessoas, a olhar para os cidadãos e para os consumidores. Este é,

de facto, um exemplo disso e um exemplo de que este Governo está a fazer diferente.

Aliás, sobre esta matéria, este Governo tem ultrapassado obstáculos atrás de obstáculos. O Sr. Deputado

referiu vários desses obstáculos na sua intervenção e eu diria mais: são armadilhas atrás de armadilhas que

têm, obviamente, dificultado o objetivo deste Governo e dos grupos parlamentares que o sustentam — olhar

para o consumidor e baixar os custos da energia.