19 DE SETEMBRO DE 2017
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O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Este é um expediente para esconder, sobretudo, aquilo que os senhores fizeram, a borla fiscal que deram à
EDP. Quando acordaram, ficaram com vergonha de o terem feito e portanto, agora, têm de mostrar um
pseudocombate contra as grandes empresas, quando, na prática, o que os senhores estão a fazer é esconder
o erro que cometeram.
Pergunto-lhe, Sr. Deputado: o seu partido concorda que se acabe com o Mercado Ibérico da Eletricidade? O
que está em causa, nesta decisão do Sr. Secretário de Estado, é romper com essas regras, é romper com o que
está estabelecido nesse contrato e, portanto, deitar por terra todo o trabalho feito nos últimos anos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Costa.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o CDS vem responder a tudo menos ao
assunto que estava em cima da mesa. Fala de IVA, diz que o BE defende a EDP e até nos acusa de uma borla
fiscal.
Sr. Deputado, o CDS e o PSD é que incluíram no seu programa eleitoral a eliminação da contribuição
extraordinária sobre o setor energético.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Os senhores é que queriam dar — e puseram no vosso programa — uma
enorme borla fiscal e já antes do exercício do mandato estavam a fazer essa batota.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Não fomos nós!
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — O impressionante é que se possa ter feito um despacho a imputar aos
consumidores — colocando na fatura os custos da CESE e da tarifa social — o pagamento do que a lei
estabelece como obrigação da EDP. Essa foi a vossa política no despacho que agora está em apreço. E não se
diga que o MIBEL (Mercado Ibérico da Eletricidade) vai ruir por se remover uma semelhante aberração. Não é
por se retirar um despacho que é incompatível com a lei que o sistema elétrico português vai ser removido do
mercado ibérico.
Srs. Deputados, não tergiversem, não mudem de assunto. Estamos a discutir decisões opacas e no limiar do
escândalo tomadas pelo Governo do PSD e do CDS.
Protestos do CDS-PP.
Percebo o incómodo. Ainda têm na memória aqueles célebres despachos assinados no último dia ou durante
os governos de gestão de que fizeram parte! Este é mais um! Não gostam de ouvir mas é isso que vem a público
e é isso que escandaliza as pessoas. É que a EDP teve no Governo de direita, que anunciou cortes nas rendas,
o seu melhor amigo e o resultado em rendas foi zero ou, melhor, foi menos do que zero, pois resultou em mais
carga sobre os consumidores, os consumidores ficaram a pagar mais.
Sobre a garantia de potência, sobre o subsídio de interruptibilidade, sobre todas essas matérias, têm vindo
a ser tomadas medidas que já começaram a dar um resultado visível nas faturas. Trata-se de um resultado
modesto, certamente, mas foi o menor aumento das faturas em 10 anos.
Durante os vossos governos, os consumidores pagavam mais 3% ao ano nas faturas e foi a isso que se
habituaram até ao ano passado verem o menor aumento da década, fruto do início desta política. E é preciso
continuar, é preciso remover da legislação e do normativo o que os senhores lá puseram e os buracos que
abriram para que a EDP e as outras elétricas pudessem continuar a exercer o seu «rentismo» sem limite.
Portanto, é preciso enfrentar o processo dos CMEC com autoridade política, tendo objetivos claros e
garantindo que aquilo que foi cobrado a mais ao longo dos anos, que está identificado como um sobrecusto