19 DE SETEMBRO DE 2017
39
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Jorge Costa, quero
felicitá-lo pelo tema que aqui traz, porque permite fazer luz sobre o debate das rendas excessivas e, nesta
matéria, a minha bancada não recebe lições de nenhuma outra.
Não tenho aqui comigo, mas posso fazer-lhe chegar, um conjunto de iniciativas do Bloco de Esquerda para
reduzir o IVA da eletricidade para 6%. Agora que os Srs. Deputados aprovam orçamentos, apoiam o Governo,
estão no Governo, queria perguntar-lhe qual é o IVA da eletricidade.
Podemos todos perceber o que vai no discurso e nas iniciativas apresentadas neste Parlamento e o que, na
realidade, acontece na fatura dos consumidores.
Posso dar-lhe outro exemplo: os senhores criaram ou, melhor, não criaram, a tarifa social é criada pelo
anterior Governo, mas os senhores revisitaram o processo, introduziram alterações que o melhoraram e dizem
que os consumidores não vão pagar absolutamente nada dessa tarifa social.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Pode dizer criar, porque foi, materialmente, criar!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — A minha pergunta é muito simples: o senhor garante, aqui, que isso não
está a acontecer? Tem a garantia de que isso não está a acontecer? É para ver até que ponto vai a competência
e a eficácia do Governo que V. Ex.ª apoia!
Quero dizer-lhe também que há défice tarifário e, mais uma vez, o défice tarifário, que pesa na fatura da
eletricidade dos consumidores, tem um pai, que se chama Partido Socialista. Foi o Partido Socialista que criou
o défice tarifário, que aumentou garantias de potência, CMEC e CAE (Contratos de Aquisição de Energia) em
TIR (taxas internas de rentabilidade) que hoje precisam de ser revistas e que são consideradas excessivas.
Não basta o Sr. Deputado vir aqui, como veio o Sr. Secretário de Estado, dizer que há rendas excessivas. O
único Governo que alguma vez teve instrumentos legislativos que, em concreto, cortaram rendas excessivas,
foi o Governo anterior. O senhor diz que foi pouco, foi tarde, foi da forma errada, que o instrumento legislativo
não era o adequado,…
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Foi treta!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … mas a minha pergunta é a seguinte, Sr. Deputado: qual é o instrumento
legislativo que tem para a redução dos CMEC, para os CAE, para a garantia de potência, para a cogeração?
O senhor disse: «agora é que vai ser, vamos agora rever os CMEC». O senhor sabe que os critérios de
revisão que a ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) utiliza são dados pela EDP e pela REN
(Rede Elétrica Nacional)? O senhor tem algum instrumento para alterar essa realidade ou vai só criticar a
existência dessa realidade?
O que o senhor quer disfarçar — percebo-o bem! — é aquela borla fiscal, que é a única coisa que há de
concreto.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — É o tal casaco que ficou no armário da EDP. É a borla fiscal de 174
milhões que foi aprovada para a EDP com o seu voto, com o seu silêncio.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ah, isso é o casaco?! Isso nem para os botões de punho!…
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares (Pedro Nuno Santos): — Está a falar de outra
coisa! Está a desviar!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Isso, sim, é um negócio ruinoso para os cofres do Estado. Isso, sim, é o
equivalente ao empréstimo com 15% de juros e como o Sr. Deputado, lá no fundo, lá no fundo tem alguma
vergonha, sendo condicionado com esta borla fiscal, vem aqui disfarçar com outras matérias, sem nenhum dado
em concreto.