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I SÉRIE — NÚMERO 1

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O Sr. Bruno Dias (PCP): — Termino já, Sr. Presidente.

E onde é que está o casaco? É caso para dizer que é um guarda-fato acumulado nos lucros e nos resultados

da EDP e do setor energético ao longo dos anos, o que coloca em cima da mesa a questão central do controlo

público, da gestão pública e do domínio central de um setor estratégico que deve estar ao serviço do povo e do

País para não estarmos aqui a discutir remendos, quando o casaco e o guarda-fato estão a ser completamente

usufruídos e acumulados ao longo destes anos.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral,

do CDS.

Pausa.

O Sr. Deputado Jorge Costa pretende responder às duas primeiras perguntas e depois às restantes.

Nesse caso, e com um pedido de desculpas, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Costa.

O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados Carlos Pereira, do PS, e Bruno Dias, do

PCP, começo por agradecer as perguntas. Temos, de facto, um choque flagrante entre as promessas do

Governo anterior, quanto às rendas da energia, e aquilo que foi a sua prática.

Poderíamos ficar um dia inteiro a falar dos negócios que a privatização da EDP instituiu como regra no setor

e de que os sucessivos governos — como bem disse o Sr. Deputado Bruno Dias — foram fazendo prática, mas

há um aspeto que queria aqui sublinhar a propósito da questão da transparência levantada pelo Sr. Deputado

Carlos Pereira, que é, precisamente, a repercussão dos custos da CESE e da tarifa social na fatura dos

consumidores.

Este é um elemento verdadeiramente assombroso da política do anterior Governo, que pegou no dinheiro

que a lei definia que deveria ser entregue pelas companhias para financiar o desconto dos que mais precisam

e distribuiu esse encargo pelo conjunto dos consumidores, para aliviar a EDP e manter os seus lucros

exatamente intocados. Mas o que mais espanta é que uma norma tão flagrantemente ilegal, um despacho tão

em choque com a legislação em vigor possa ter passado entre os pingos da chuva do regulador.

Portanto, fica aqui evidente a insuficiência da regulação para assegurar os mínimos de transparência neste

setor. Além disso, este caso ensina-nos ainda que há necessidade de a democracia, de o Parlamento e de o

Governo, em nome do interesse público e da contenção dos custos energéticos que fazem parte do Programa

do Governo aqui aprovado, numa ação conjugada, poderem ter os resultados que, nítida e flagrantemente, a

regulação não conseguiu ter ao longo dos anos.

Concordo com o Sr. Deputado Bruno Dias quanto à exigência do controlo público do setor, não apenas por

razões de transparência, mas também por razões de interesse estratégico nacional, que importa assegurar.

Portanto, a lógica da privatização, se significa uma degradação dessa posição estratégica, só poderia ter as

consequências que veio a ter em matéria de transparência.

Mas hoje está nas mãos de todos, e não apenas dos que defendem o controlo público do setor energético,

assegurar as condições de eliminação das rendas excessivas que se instalaram no setor. O PSD foi o único

partido que decidiu abster-se nesse desígnio, quando foi aqui apresentado, pelo que é importante que os

restantes partidos que estão empenhados na eliminação das rendas excessivas, ou que se declaram

empenhados nessa eliminação, consigam, já no processo dos CMEC, na revisão dessas rendas e na sua

eliminação, apresentar resultados e fazer baixar a fatura.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Agora, sim, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral.