I SÉRIE — NÚMERO 1
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Como estava a dizer, reparem que há 3,5 milhões de edifícios no nosso País, segundo os últimos relatórios,
54% dos quais têm de ser reabilitados nos próximos anos. De facto, abre-se uma grande expectativa de negócios
sobre esta matéria e, portanto, precisávamos de ter garantias quanto às consequências efetivas da
descentralização, da municipalização destas funções.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para concluir o debate, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado António
Topa.
O Sr. António Topa (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A presente iniciativa — a proposta de
lei n.º 94/XIII — integra os 21 projetos de descentralização por transferência de competências para as autarquias
locais que o Governo apresentou ao Parlamento, todos condicionados à aprovação da proposta de lei n.º 62/XIII
(2.ª), que baixou à 11.ª Comissão sem votação, encontrando-se em fase de nova apreciação na generalidade,
e que estabelece o quadro de transferência de competências para as autarquias locais e para as entidades
intermunicipais.
Quanto a este regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios, estamos a aprovar, ou vamos
tentar aprovar, algo que, à partida, é «pôr o carro à frente dos bois». Se tivéssemos aprovado a proposta de lei
n.º 62/XIII (2.ª), que define o regime de transferência de competências para as autarquias, naturalmente não
estávamos aqui a passar um cheque em branco, como diz o Sr. Deputado Castello-Branco.
Portanto, essencialmente, prefiro falar dos aspetos ligados à descentralização, porque este documento é,
efetivamente, técnico, é um documento que não dá muita discussão, nos aspetos de natureza técnica.
Prefiro discutir os aspetos de natureza política da descentralização e dizer que o Governo anda há 2 anos a
falar da importância da descentralização, levou 14 meses a apresentar a sua proposta e fê-lo em cima das
eleições autárquicas. Insiste em classificar a sua proposta como central e ponto de partida para a discussão,
quando as únicas propostas que o Parlamento aprovou na generalidade foram as do PSD e as do CDS. Na
verdade, de todas as iniciativas apresentadas, apenas o CDS-PP e o PSD submeteram a votação as suas
propostas, de sua autoria, aprovadas por maioria. As demais forças políticas de esquerda e o Governo preferiram
refugiar-se na cómoda e confortável descida das suas iniciativas à comissão parlamentar competente, sem
votação.
Recorde-se que, nesta Legislatura, o PSD foi a primeira força política a colocar a temática da
descentralização na agenda parlamentar. Apresentámos propostas concretas aquando da discussão do
Programa Nacional de Reformas e do Orçamento do Estado para 2017 e foram ambas chumbadas pela maioria
que apoia o Governo. Mas não desistimos e, no final de janeiro passado, apresentámos um novo pacote
legislativo sobre descentralização para ajudar a resolver os problemas das autarquias, da administração central
e, sobretudo, para servir Portugal e os portugueses.
É importante referir que o PS inviabilizou inexplicavelmente a criação de uma comissão eventual que oferecia
as condições para que o processo legislativo fosse feito de forma transversal, plural, aprofundado tecnicamente
e em tempo útil de 90 dias.
À margem da Assembleia da República e dos Deputados, isoladamente e no conforto dos gabinetes, outros
à margem do debate sobre o pacote da descentralização, continua a aprovar-se a iniciativa descentralizadora.
A Sr.ª Ministra da Administração Interna avançou com alterações ao regime jurídico das polícias municipais de
Lisboa e do Porto; o Sr. Ministro da Saúde transferiu competências para as autarquias; quanto à indicação de
um administrador executivo na generalidade dos locais de saúde, o Sr. Ministro do Ambiente avançou com a
municipalização da Carris; o Sr. Ministro do Ambiente legislou sobre as responsabilidades das autarquias na
gestão das áreas protegidas sem contrapartidas financeiras e ainda muitas outras situações que foram
aprovadas por decreto-lei e que têm a ver, muito, com a descentralização de competências. Todos ultrapassam
Eduardo Cabrita, Ministro Adjunto, que tem o compromisso de defender a proposta do Governo para a aprovação
de uma lei-quadro da transferência de competências para as autarquias locais.
O Governo, por muito que diga o contrário…
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, peço-lhe que conclua, por favor.