I SÉRIE — NÚMERO 12
42
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — … vai existir para ter uma sociedade justa, uma sociedade solidária, uma
sociedade que crie riqueza e que a possa distribuir.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, terminou o seu tempo.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Será sobretudo um governo que vai existir para não falhar como este
falhou.
Aplausos do PSD, de pé, e do CDS-PP.
Protestos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Carlos César.
O Sr. Carlos César (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros do Governo, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Depois destes acontecimentos infelizes — e já antes deveria ser assim — temos
uma obrigação quase única, a de não derrotarmos a esperança dos portugueses com o debate inútil, com os
ataques pessoais e a diatribe grosseira e continuada, que hoje aqui vimos por parte do CDS e do PSD.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Depois de tudo o que aconteceu, tenho a certeza de que os portugueses estão a pensar, sobretudo, no que
tem de ser feito. E, se ao Governo cabe agir, à oposição cabe fazer com que ele aja e o faça da melhor forma.
A melhor forma de o fazer teria sido a de, assumindo as nossas responsabilidades coletivas, cada um propor
antes de se opor. Bem ao contrário do que o CDS desde logo quis fazer.
Se o CDS pretendia com esta moção de censura fazer com que o Parlamento assumisse um ato de
desconfiança perante o Governo, precipitou-se. Teremos em breve, nesta Assembleia, a discussão e a votação
do Orçamento do Estado e, nessa altura, ver-se-á quem tem a confiança de quem e qual é o Governo legítimo
de Portugal.
Aplausos do PS.
Nesse sentido, a iniciativa do CDS que hoje nos ocupa não foi um bom contributo. Mais valia que,
reconhecendo a impropriedade cívica da iniciativa, trocassem a moção de censura pelas propostas de que agora
falam e, de preferência, mais originais.
Cabe-nos, em todo o caso, não prolongar o ruído tentado, que só prejudica a ação que se reclama. No que
ao PS importa, cabe ouvir e incorporar o que de bom entenda que será ou foi já proposto, e o mesmo competirá,
certamente, ao Governo. Cabe-nos seguir o apelo da nossa unidade de propósitos e de ação, sublinhado pelo
Governo e pelo Presidente da República, cabe-nos fazê-lo com ou sem o PSD e o CDS.
Aplausos do PS.
Sr.as e Srs. Deputados: Temos de reerguer a confiança entre os que foram atingidos pelas severidades da
catástrofe, que devassou tantas regiões do País, que deixou marcas profundas com vítimas mortais e que
marcará para sempre a memória de crianças e de jovens que viveram momentos aterradores.
Temos de o fazer sem mais demoras e «rodriguinhos» técnicos e administrativos. Foi essa a mensagem
principal que os Deputados do PS mais apreenderam nestes dias, em contacto com as populações afetadas e
que se comprometeram a seguir no futuro.