25 DE OUTUBRO DE 2017
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E temos de o fazer com opções orçamentais corajosas, como já foi dito aqui pelo Sr. Primeiro-Ministro. Não
poderemos deixar de fazer o que é imprescindível fazer, acomodando a despesa que se mostrar necessária,
neste ano como nos seguintes.
No último Orçamento do Estado, apresentado pelo CDS e pelo PSD, em 2015, a palavra «incêndios» aparece
três vezes, duas das quais para justificar diminuições de verbas para o combate aos fogos.
Se a moção de censura aqui apresentada significasse a contrição que a todos — sim, a todos, sem exceção!
— cabe fazer, por não termos escolhido bem as prioridades e conseguido preparar o País para estas
adversidades, todos estaríamos possivelmente de acordo, embora uns com mais responsabilidades do que
outros. Mas o seu objetivo foi apenas o de que os que erraram antes, e não o querem admitir, censurassem os
que, no seu dizer, erraram depois.
Não tenhamos dúvidas: os erros na seleção dessas prioridades não se concentram nos dois últimos anos de
governação nem se confinam aos que, ao longo de décadas, se alternaram no Governo, atingem também todos
os que, em todos os momentos, na oposição partidária, da mais à direita à mais à esquerda, deram sempre
outros sinais e apontaram sempre outras prioridades.
Aplausos do PS.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Apesar de o atual Governo ter tentado inverter o percurso de
desvalorização e de fragilização das dimensões estruturais e dos instrumentos de proteção civil — que poderiam
estar melhor implicados, preventiva e ativamente, no que se passou —, todos concordamos que a atuação da
Proteção Civil nestes incêndios não foi isenta de deficiências, mesmo considerando a enorme dimensão dos
fenómenos que eclodiram.
Ora, o que devemos nesta altura aos portugueses, que olham as suas instituições políticas de forma
interrogativa, é uma revisão das nossas prioridades históricas — se estamos ou estaremos do lado que a triste
realidade nos demonstrou que devemos estar.
Foi essa boa opção que o Governo fez no seu último Conselho de Ministros.
Termino, Sr. Presidente, dizendo que o nosso combate, como explicou o Primeiro-Ministro, é a resposta
imediata ao que sucedeu, tomando decisões, repito, tomando decisões nas indemnizações aos familiares das
vítimas, na cooperação com as autarquias, na reposição de infraestruturas, bens de emergência e serviços
essenciais, na recuperação das habitações e das empresas, no apoio ao reinvestimento, na contribuição
necessária dos sistemas de saúde e de apoio e segurança social e, em especial, nas dimensões reformistas
inadiáveis da prevenção e combate aos fogos, da proteção civil e do aprofundamento e execução da reforma
da agricultura e das florestas.
A tomada de posse, que já ocorreu, do Presidente da Unidade de Missão para a Gestão Integrada dos Fogos
Rurais é outro bom sinal.
É nisso que estamos empenhados, com o coração e a razão no que é mais importante para os portugueses.
É isso que nos preocupa e nos ocupa no PS.
O CDS perdeu hoje, aqui, um tempo que poderia ter oferecido ao País. O nosso compromisso é não perder
mais tempo, um tempo que é precioso para os portugueses.
Aplausos do PS, de pé.
Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, ainda antes do período de encerramento do debate, tem a palavra,
para uma intervenção, o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Ao intervir neste debate
não poderia deixar de começar por lamentar as mortes de concidadãos nossos que, durante este verão e nas
sucessivas ocorrências, perderam as suas vidas, exprimir a solidariedade aos seus familiares e a todas as
populações atingidas e expressar também um enorme agradecimento a todos os agentes de proteção civil,