I SÉRIE — NÚMERO 12
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e de melhoria de condições de vida da classe média e dos estratos mais vulneráveis da nossa sociedade, que
é necessário, acima de tudo, consolidar.
Como explicar, então, esta moção? A resposta é muito simples, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: tratou-
se de um mero estratagema político para utilizar o Parlamento e, através dele, procurar chamar a atenção do
País para a competição que se está a travar entre o PSD e o CDS pela liderança da direita portuguesa.
Aplausos do PS.
Por esta via, o CDS apenas procura tirar proveitos próprios, com a alegre cumplicidade do principal partido
a quem a moção é verdadeiramente dirigida, o PSD. É uma disputa legítima, sem dúvida, mas, convenhamos,
o momento é totalmente inoportuno e o instrumento absolutamente desadequado.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Não quero dizer com isto que os temas dos incêndios, da proteção civil e da reforma da floresta não sejam
temas importantes, aos quais o Parlamento se deva eximir e dos quais não se devam tirar ilações e
consequências. Muito pelo contrário!
Protestos do PSD e do CDS-PP.
São temas estruturantes, de primeira grandeza e de absoluta prioridade nacional que devem mobilizar todas
as instituições do Estado, as organizações da sociedade civil e os cidadãos em busca das melhores soluções
para que tragédias deste tipo não se repitam nunca e para que, no futuro, possamos defender melhor vidas,
património e bens naturais.
O Sr. Presidente da República tem lançado sucessivos apelos no sentido da obtenção de um amplo consenso
nacional em torno destes temas e o Governo tem também, desde a primeira hora, agido neste sentido e continua
a considerar que tal é desejável e possível.
Muito antes de imaginarmos sequer que uma tragédia como a que ocorreu em Pedrógão pudesse ocorrer, o
Governo encetou a tarefa de pôr em execução, com uma visão de longo prazo, a profunda reforma da floresta,
logo em meados de 2016.
Começou por identificar problemas cuja solução passa pela apresentação de propostas concretas: no
domínio da gestão florestal, criando a figura das entidades gestoras profissionais e concedendo incentivos fiscais
consideráveis para estimular o seu crescimento e multiplicação, assim como simplificando a constituição das
zonas de intervenção florestal; no domínio do ordenamento, avançando com a concretização dos programas
regionais de ordenamento florestal, que o CDS não teve tempo de concluir em quatro anos, e a obrigatoriedade
da sua transposição para os PDM (planos diretores municipais), com caráter vinculativo, atribuindo novas
responsabilidades e competências aos municípios; no domínio da propriedade, visando a sua identificação para
efeitos de prevenção de incêndios e aproveitamento económico, lançando a operação do cadastro simplificado;
no domínio da limpeza das florestas, introduzindo alterações importantes nas normas de defesa da floresta
contra incêndios e decidindo a criação de centrais de biomassa para produção de energia e, mais recentemente,
de biorrefinarias;…
Protestos do Deputado do PSD António Leitão Amaro.
… noutros domínios da prevenção, legislando sobre as regras para a utilização do fogo controlado,
aumentando e reequipando as equipas de sapadores florestais e fazendo crescer o seu nível de apoio financeiro.
Foram realizados dois Conselhos de Ministros extraordinários, exclusivamente dedicados à reforma da
floresta, o que, suponho, aconteceu pela primeira vez na história da nossa democracia, e abriu-se um período
de discussão alargada sobre o tema, durante três meses, à qual o CDS e o PSD se mantiveram totalmente
alheados.
Vozes do PSD: — Não é verdade!