25 DE OUTUBRO DE 2017
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O Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Deputados: A apresentação de uma moção de censura ao Governo é, obviamente, um direito legítimo e
constitucional a que qualquer grupo parlamentar pode recorrer …
Vozes do CDS-PP: — Ah!... Obrigado!
O Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: — … mas, sobre este tema e neste
momento, é um ato político absurdo e injustificado: absurdo por ocorrer no momento em que todos os agentes
políticos devem estar concentrados no apoio às vítimas e às regiões afetadas; injustificado quer pelo tema
escolhido quer pelo facto de ter sido apresentado pelo grupo parlamentar que menos autoridade moral tem para
o invocar nesta Câmara.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Tenho algum pudor, pelas funções que desempenho, de explicitar factos concretos sobre as ações e as
omissões em termos de política florestal da responsabilidade do anterior Governo e, particularmente, da
responsável pela moção de censura, que é, simultaneamente, líder do partido que a promove. Não preciso de
as enumerar, algumas delas já foram aqui referidas e os portugueses conhecem-nas bem.
Se há, portanto, nesta Câmara, partido que se deveria abster de trazer este tema a debate sob esta forma e
no atual contexto é precisamente o CDS-PP.
Aplausos do PS.
Sr.as e Srs. Deputados, o Governo está, neste momento, com humildade e determinação, focado em acudir
rápida e eficazmente às vítimas dos incêndios, em reparar os danos e repor a normalidade nas vidas e nas
empresas, e creio que, nos últimos dias e nos últimos meses, tem dado sobejas provas disso.
Como é do conhecimento de VV. Ex.as, o Governo aguardou pelas conclusões da Comissão Técnica
Independente e agendou um novo Conselho de Ministros extraordinário, ainda antes da ocorrência de 15 de
outubro, precisamente para extrair consequências, corrigir erros e adotar decisões, visando reformar todo um
sistema de prevenção e de combate aos incêndios. Grande parte destas decisões seguem de perto as
recomendações da Comissão Técnica Independente, que já aqui estiveram a debate. Todo o País, com especial
ênfase para a Assembleia da República, está agora convocado para as debater, completar e ajudar a
concretizar.
O Governo, uma vez mais, mostra-se disponível para dialogar com todos e, com todos, procurar as melhores
soluções para devolver sentimentos de segurança às populações e prevenir e reduzir a incidência dos incêndios
rurais. É um assunto de enorme transcendência nacional, que recomenda um pacto de regime. A criação de um
sistema eficaz de proteção civil, aliado à concretização da reforma da floresta, num horizonte aceitável, constitui
a melhor homenagem que podemos prestar a todos os que pereceram vítimas dos incêndios, bem como o
melhor sinal e o melhor estímulo para o futuro de todos aqueles que não desistiram de lutar pela recuperação
das suas vidas, das suas empresas e pela vitalidade dos territórios.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: — Por todas estas razões e,
sobretudo, pelo interesse nacional, o Governo considera que a Câmara deve rejeitar esta moção de censura.
Aplausos do PS.