27 DE OUTUBRO DE 2017
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O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Este agendamento, da
iniciativa do PSD e também com um contributo do Bloco de Esquerda, diz respeito à responsabilidade da
entidade patronal pela formação obrigatória dos trabalhadores em funções públicas e pela renovação dos títulos
habilitantes indispensáveis ao desempenho dessas funções.
Todos nós conhecemos algumas dessas situações concretas, que nos têm sido trazidas por muitos
trabalhadores. Nós sabemos que, se, na maior parte dos casos, a formação e as certificações visam apenas o
enriquecimento curricular ou formativo dos funcionários, em muitos outros casos — e nestes em particular que
são visados com esta alteração —, a não frequência das respetivas formações poderá implicar a perda da
qualificação para continuarem a exercer a respetiva profissão.
Não ignoramos que muitos destes trabalhadores que são obrigados a frequentar essa formação ou a ter essa
certificação para continuarem a poder exercer a sua profissão são obrigados a pagá-la, o que representa um
grande constrangimento para o orçamento pessoal.
Portanto, queremos, antes de mais, felicitar o Partido Social Democrata por esta iniciativa.
Percebemos o embaraço do Partido Socialista e também do Partido Comunista Português. Normalmente,
embaraçam-se quando a iniciativa não é deles, porque acham que têm o monopólio de tratar daquilo que diz
respeito aos trabalhadores. Nessa altura, embaraçam-se. Mas é um bom sinal. E creio que se há matéria
consensual nesta Câmara é a importância que a formação tem no funcionalismo público. É assim que nós
queremos, no século XXI, uma Administração Pública moderna e competente, que consiga, desse modo, prestar
um serviço de maior qualidade a todos os cidadãos portugueses.
Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, o CDS, não ignorando este problema, está disponível para ser parte da
solução. Esperamos que as presentes iniciativas possam descer à Comissão, para que, em sede de
especialidade, possamos também nós dar o nosso contributo para as enriquecer e as tornar numa alteração
legislativa que sirva a todos: aos funcionários públicos, que beneficiam diretamente com elas, mas também —
e tenhamo-los sempre presentes — os cidadãos beneficiários dos serviços públicos que, ainda que de forma
indireta, também são beneficiários de qualquer mais-valia que a alteração legislativa proporcione.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para encerrar este debate, tem a palavra o Sr. Deputado Álvaro Batista.
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Sr. Presidente, para começar queria dizer o seguinte: é claro que, para nós,
PSD, esta proposta é uma base de trabalho. E estamos obviamente disponíveis para, se ela descer à Comissão
com a votação desta Câmara, encontrar soluções equilibradas para os problemas identificados.
Depois, queria dizer ao Partido Comunista Português o seguinte: a lei, quando se faz, é geral e abstrata e
aplica-se a todos os cidadãos.
Portanto, não podemos confundir aquilo que é a exposição de motivos com o conteúdo da lei. Na exposição
de motivos estão indicados exemplos concretos, mas a lei é para ser aplicada a todos os trabalhadores da
Administração Pública que são obrigados a fazer formação para poderem continuar a desempenhar as suas
atividades. E nós entendemos que, se alguém é obrigado a fazer formação para poder continuar a trabalhar,
deve ser a entidade patronal a suportar esses custos em todas as situações. E, repito, estamos disponíveis para
encontrar consensos.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Concluo já, Sr. Presidente.
Ao Partido Socialista quero dizer apenas o seguinte: se a lei não é necessária, se na Administração Pública
já se está a dar cumprimento àquilo que nós pedimos, como é que pode gerar encargos?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Concluída a discussão conjunta, na generalidade, dos projetos de lei n.os 569/XIII (2.ª)
(PSD) e 651/XIII (3.ª) (BE), vamos passar à apreciação conjunta dos projetos de resolução n.os 876/XIII (2.ª) —