I SÉRIE — NÚMERO 14
36
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Temos uma longa caminhada de discussões, audições, grupos de trabalho,
aprovações no Parlamento, no Conselho de Ministros, na Comissão Europeia, alterações sucessivas às leis e o
que se constata é que ainda há muita coisa por fazer, para passar à prática — à boa prática —, talvez mesmo
o essencial nesta matéria.
Não se trata apenas de corrigir aspetos, depois da última revisão da lei. — e tudo indica que esta discussão
vai continuar com questões que ainda subsistem e que podem ser identificadas, como, por exemplo, na
uniformização de procedimentos administrativos, na consideração do peso do metal precioso para a isenção de
marcação, ou com questões que aparecem agora e que teremos de tratar adequadamente, como a dos preços
ou a das peças de autor —, trata-se de mais do que isso. Desde logo, a regulamentação que há que rever e
adequar e a questão dos prazos e custos administrativos, para levar mais longe os avanços que já foi possível
realizar na simplificação dos procedimentos.
Os Srs. Deputados falaram na lei, mas não falaram na portaria que a regulamenta e que tem questões
fundamentais para o setor e, como o Sr. Deputado Joel Sá devia saber, a portaria não se decide na Assembleia
da República.
Neste processo, é indispensável ter os cuidados necessários para não propiciar situações de injustiça ou de
concorrência desleal, mas também, tendo isso em conta, considerar a especificidade das diferentes áreas de
atividade, incluindo a dos artistas de joalharia, as peças de autor, únicas ou de edição limitada, e procurar, nesse
sentido, garantir o enquadramento normativo mais justo, adequado e equilibrado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. Joel Sá (PSD): — É só a enganar as pessoas!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Até porque é nossa convicção que não estamos perante interesses
contraditórios, pelo contrário. O comércio, a indústria, a arte, a investigação e inovação, cada um deles será
tanto mais forte quanto mais forte, defendido e promovido for o setor, no seu conjunto. E o setor no seu conjunto
é mais defendido na sua qualidade e na sua credibilidade se tivermos nas contrastarias um serviço público
reforçado nos seus meios e competências, com renovada continuidade do seu saber e património secular, dos
mais respeitados em todo o mundo.
Por isso, o PCP sublinha a questão central da melhoria das condições e dos meios para as contrastarias e a
Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), o reforço do seu pessoal, a aposta efetiva em projetos inovadores
que tem vindo a desenvolver.
Também por isso saudamos a luta dos trabalhadores da INCM e repudiamos essas sugestões que abrem
caminho à desvalorização das contrastarias.
Queremos aqui reiterar a abertura e o empenho do PCP no trabalho que há que levar por diante em defesa
de todo este setor da ourivesaria,…
O Sr. Joel Sá (PSD): — É só conversa!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … tão prestigiado internacionalmente e tão importante para a economia do nosso
País.
Aplausos do PCP.
Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, antes de entrarmos no período regimental de votações, o Sr. Secretário
Duarte Pacheco tem uma informação a dar ao Plenário.
Faça favor, Sr. Secretário.