I SÉRIE — NÚMERO 16
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Queria, contudo, Sr. Ministro, colocar-lhe uma questão concreta sobre um grupo de pensionistas, aqueles
que, em 2014 e em 2015, foram empurrados para reformas antecipadas porque não tinham emprego, porque já
não tinham subsídio de desemprego e não tinham, portanto, nenhuma fonte de rendimento. Esses pensionistas
são os lesados do ex-Ministro Mota Soares, que foram triplamente penalizados. Foram penalizados pelo
aumento da idade da reforma, pelo aumento do fator de sustentabilidade e pelos cortes que eram impostos
devido ao tempo que lhes faltava para a idade da reforma.
Queria dizer-lhe, Sr. Ministro, que, para estas pessoas, precisamos de um complemento solidário que os
retire da condenação à pobreza. E creio que, neste Orçamento, teremos de fazer com que seja possível haver
uma solução para estas pessoas. É esse o nosso compromisso e é essa a nossa expectativa para a discussão,
na especialidade.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro do Trabalho,
Solidariedade e Segurança Social.
O Sr. Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: — Sr. Presidente, Sr. Deputado José
Soeiro, este é, de facto, um debate decisivo para o nosso presente e para o nosso futuro. E é desejável, é
sempre desejável, que o façamos com tranquilidade e com seriedade.
O que não é possível admitir é que haja alguém que, nesta Câmara, possa assumir-se como tendo o
monopólio do direito de chamar o passado. Srs. Deputados, quando se chama o passado, chama-se tudo! E
nós estamos aqui para discutir todo o passado, se for necessário.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Está aí, na bancada do Governo, a bancarrota toda!
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Srs. Deputados, queiram fazer silêncio para o Sr. Ministro
poder continuar.
O Sr. Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: — O que não é sério, do ponto de vista
político — e digo-o, já que os Srs. Deputados estão hoje muito sensíveis —, é não assumir as responsabilidades
pelas posições que se tomaram e pelas propostas que se fizeram. E isso ficou bem claro, aqui, hoje, neste
debate.
Sr. Deputado José Soeiro, o equilíbrio da segurança social, como tentei dizer na minha intervenção, é sempre
um equilíbrio entre as medidas de curto prazo e a estratégia de longo prazo.
Julgo que existe um conjunto de pensionistas, muitos dos quais não têm ainda a idade para aceder ao
complemento solidário para idosos, que se reformaram por diversas razões com pensões antecipadas com
elevados cortes. É possível tentar estudar uma solução para minimizar esse impacto — e fá-lo-emos em conjunto
—, sempre na perspetiva de que o combate aos desequilíbrios e às fragilidades sociais nunca pode ser desligado
do combate pela construção das soluções que garantam às portuguesas e aos portugueses que podem confiar
no seu sistema público de pensões. Que ele tem problemas, que ele enfrenta enormes e inusitados desafios,
nomeadamente do ponto de vista demográfico, é verdade, mas se nós quisermos, se todos quisermos, se todos
percebermos o que é que o povo português quer, podemos ultrapassar essas dificuldades.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado
Filipe Anacoreta Correia.