I SÉRIE — NÚMERO 23
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Continua no usa da palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª AssunçãoCristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, claramente, temos uma grelha
de valores e de prioridades um pouco diferentes. O Sr. Primeiro-Ministro olha para todas estas situações
dramáticas e graves — a que o senhor chama «casos» e «simples casos», tomo boa nota disso — como sendo
matéria menor na qual o Governo pouco tem a dizer.
O Sr. NunoMagalhães (CDS-PP): — Não tem nada a ver com isso!
A Sr.ª AssunçãoCristas (CDS-PP): — Já agora, deixe-me só lembrar-lhe que a Comissão Nacional de
Proteção de Dados pronunciou-se porque o Governo pediu a sua pronúncia, quando, inclusivamente, já tinha
recebido uma versão sem o nome das pessoas envolvidas.
O Sr. NunoMagalhães (CDS-PP): — Exatamente!
A Sr.ª AssunçãoCristas (CDS-PP): — Portanto, o Governo tentou não enviar e não mostrar todo o relatório.
Assim, é bom que ele venha, que venha na íntegra e que se possa discutir com todo o detalhe, com todas as
complementaridades ou contradições que esse relatório tem.
Sr. Primeiro-Ministro, tenho mais três assuntos que lhe queria colocar e ainda mais dois finais, porque, de
facto, estamos em jeito de balanço de final de ano. São três assuntos em que o Governo revela uma grande
trapalhada, em alguns casos decisões tomadas em cima do joelho, noutros casos sem informações dadas nos
locais próprios a quem de direito.
Em primeiro, e sobre o Infarmed, já nos disse que a decisão do Governo é que o Infarmed vá para o Porto.
Eu leio daqui que o Infarmed irá para o Porto, embora saiba da sua habilidade no jogo das palavras. Assim, a
minha pergunta é a seguinte: então, para que é que serão feitos os estudos, para que é que serão ouvidos os
trabalhadores e para que é que se vão avaliar agora as condições, a posteriori, depois de a decisão estar
tomada?
O Sr. Primeiro-Ministro ignora que uma mudança com o desmembramento total das equipas significa
passarmos do quarto lugar, a nível europeu de excelência, para um dos últimos lugares na tabela? Significa,
provavelmente, perdermos milhões de euros de projetos que já estão contratados? Gostava de o ouvir sobre
isto, sobre esta política de primeiro decidir e depois estudar, que é, de facto, lamentável.
A segunda questão tem a ver com a falta de prestação de informações nas instâncias certas e com a PESCO
(Permanent Structured Cooperation).
Sr. Primeiro-Ministro, nós, no CDS, valorizamos mais a substância do que a forma e por isso dissemos que
estamos de acordo e que achamos bem que Portugal entre neste mecanismo reforçado de cooperação, mas
gostava, Sr. Primeiro-Ministro, de o ouvir dizer aqui, nesta Casa, que este também foi um caso de um processo
muitíssimo mal conduzido, em que o seu Governo esteve a brincar à democracia, em que não prestou nesta
Casa, a tempo, todas as informações para um assunto tão delicado para a soberania nacional.
O terceiro ponto é acerca de falta de informações, Sr. Primeiro-Ministro, e tem a ver com o negócio da Santa
Casa da Misericórdia. Ainda não sabemos nada e já de um lado e do outro se começa a falar de administradores.
Queremos saber quem é que tem interesse neste negócio, a quem é que ele vai favorecer e se é ou não aceitável
que o dinheiro do jogo social vá ser aplicado, eventualmente, para ajudar a salvar o Montepio em vez de ser
aplicado em ação social.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, relativamente a essa matéria
da Santa Casa da Misericórdia, é um trabalho que tem vindo a ser estudado pela respetiva Mesa, tendo em vista
reforçar a economia social, em concertação com o Governo, e têm estado a ser tomadas decisões, que o