9 DE DEZEMBRO DE 2017
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É verdade, reconheceram isso, o PCP assim o disse, mas foi agravado pela política de direita,
particularmente, seguida por PSD e CDS, no que diz respeito ao Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do PCP.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos passar ao segundo ponto da ordem do dia, que consta da
discussão dos projetos de resolução n.os 1117/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que introduza na contratação
pública mecanismos que assegurem maior qualidade nas refeições escolares (CDS-PP), 1155/XIII (3.ª) —
Recomenda ao Governo que respeite a autonomia das escolas, possibilitando a gestão pública dos refeitórios
escolares (BE), 1156/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que elabore orientações, com carácter vinculativo,
sobre o modo de organização e funcionamento dos bufetes escolares, assegurando uma maior qualidade nas
refeições fornecidas (PAN), 1157/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que proceda ao reforço de nutricionistas
para a escola pública, por forma a permitir a fiscalização efetiva das ementas, garantindo uma maior qualidade
nas refeições escolares (PAN), 1158/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que determine a não distribuição de
leite achocolatado às crianças do ensino pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico, assegurando uma maior
qualidade nas refeições escolares (PAN) e 1162/XIII (3.ª) — Pela gestão pública das cantinas escolares (PCP).
Para dar início ao debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa, do Grupo Parlamentar do CDS-
PP.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: O projeto de
resolução que o CDS hoje apresenta decorre de uma situação de falta de qualidade verificada nas cantinas
escolares, que tem sido amplamente divulgada nos media, à qual se juntou uma petição, ontem entregue na
Assembleia da República, que recolheu já 14 000 assinaturas.
Atualmente, as cantinas escolares são da responsabilidade, no caso dos jardins de infância e das escolas
do 1.º ciclo, das câmaras municipais e, do 2.º ciclo ao ensino secundário, do Ministério da Educação. Em ambos
os casos, o modelo de gestão pode ser um de três: da responsabilidade das próprias escolas; concessão a
empresas de catering, o que significa que a exploração é entregue a uma empresa externa que entrega na
escola a refeição pronta a ser servida; ou catering para confeção no local, o que significa que o refeitório da
escola é explorado por uma empresa externa, que aí confeciona as refeições. Foram recentemente lançados
concursos, que terão duração até 2020, e que são mais ou menos dominados por duas grandes empresas deste
setor.
Neste ano letivo, particularmente, têm-se registado muitas queixas, sobretudo no caso de concessão a
empresas de catering. As queixas são reais, têm que ver com a quantidade e qualidade das refeições e com o
serviço atempado das mesmas. Tendo em conta que, de alguma forma, é o Estado local ou central o responsável
pelo garante da qualidade, torna-se inaceitável que esta situação se verifique e importa, portanto, perceber quais
são as causas que levam a estes factos reais.
Na verdade, o que sabemos é que os concursos e os cadernos de encargos estipulam regras de qualidade
e de certificação, pelo menos em termos teóricos e a priori e, portanto, por aí, estaria garantida a qualidade. Por
outro lado, sabemos que há uma circular do Ministério da Educação muito minuciosa no detalhe das ementas a
serem fornecidas e das capitações, ou seja, das quantidades consoante o ano de ensino dos alunos, e que nos
contratos estão definidas medidas de fiscalização e penalidades por incumprimento contratual.
Portanto, a única variável que é responsável pela situação que se verifica hoje em dia é o preço e decorre
do facto de ser o preço que discrimina a adjudicação dos concursos, havendo incentivos para a fixação de um
preço tão baixo que não permite manter a qualidade das refeições em níveis aceitáveis. Portanto, parece-nos
que é sobre essa variável que o trabalho de melhoria deve incidir.
Em todo o caso, quais são as soluções que estão hoje em dia em cima da mesa? Bem, o Governo apresenta
como solução, que nos parece boa mas não suficiente, o aumento de fiscalização nas escolas. Não é suficiente
porquê? Porque, como vimos, por exemplo na autarquia de Cascais, a fiscalização ocorre, são até pagas