I SÉRIE — NÚMERO 24
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penalidades, mas isso não resolve o problema, que é, de facto, o de o preço ser tão baixo, estar em níveis tão
irrazoáveis que é impossível, àquele preço unitário, entregar uma refeição com a qualidade necessária.
Já o Bloco e o PCP propõem como solução a internalização do serviço de refeições escolares novamente
nas escolas, dito de outra maneira, que sejam as escolas, elas próprias, a garantir a prestação do serviço de
refeições, o que a nós nos parece muito pouco sensato, na medida em que preferimos que o diretor de uma
escola esteja preocupado com o processo de ensino-aprendizagem e com a garantia do processo pedagógico
e não, necessariamente, em saber se o fornecedor de carne ou de frescos entregou atempadamente as
refeições.
Portanto, para o CDS, a solução passa por atacar o problema onde ele existe, mantendo como regra o
sistema de concessão, mas garantindo que no processo de contratação pública é assegurado um preço tal que
não é possível fornecer refeições a um preço mais baixo do que aquele que oferece qualidade.
Protestos do BE e do PCP.
Termino, Sr. Presidente, dizendo que a questão que está em cima da mesa é completamente ideológica
neste momento. Se acreditarmos que o problema só se resolve com mais investimento público e aumento de
funcionários públicos, então, há que garantir a aprovação dos projetos do Bloco e do PCP. Se, ao contrário,
entendermos que há que aprender com o passado e melhorar um processo que, em todo o caso, pode ajudar a
gestão das escolas, então, há que aprovar o projeto do CDS.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Joana Mortágua, do Grupo Parlamentar do Bloco
de Esquerda.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Já foram aqui relatados e são bem
conhecidos os exemplos que vieram a público sobre a pouca qualidade e quantidade de comida nas cantinas
escolares.
Este problema é antigo, o que não desvaloriza as denúncias novas, que são, até, um bom sinal, um sinal de
que as famílias e as escolas não normalizaram a ideia de que nas cantinas se deve comer mal, que as cantinas
são um sítio onde a comida tem pouca qualidade.
Temos vários relatos de como estas empresas a quem foram concessionadas as cantinas escolares
funcionam. Um ex-cozinheiro de uma destas empresas relatava a um jornal: «O frango vinha cru da China, todo
preto por dentro e cheio de penas; as hortaliças vinham todas congeladas; e os peixes (…) pareciam esponja
ou palha. O azeite era óleo, até tinha mau paladar; as sobremesas, leite-creme, pudim ou gelatinas, eram todas
instantâneas, pó misturado com água, e a base das sopas era feita com flocos de puré instantâneo, não havia
batata.»
Há inúmeros exemplos e relatos deste tipo, sobre a forma como é confecionada a comida nas cantinas
concessionadas a estas empresas privadas. Portanto, o problema está identificado, ele foi, aliás, reconhecido
pela Deputada do CDS. Dos quase 1200 refeitórios escolares, quase 800 estão concessionados a duas grandes
empresas do setor, que conseguem um negócio de milhões ao longo dos anos, à custa da qualidade da comida
que as nossas crianças consomem nas escolas.
O que devemos perguntar é porquê, porque é que estas cantinas estão concessionadas. É por opção das
escolas? Não, e podemos ouvir o que diz o Presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Diretor
do Agrupamento de Escolas General Serpa Pinto, que é: «genericamente, a maior parte das escolas, de forma
indireta ou velada, já foi pressionada para entregar a cantina a empresas».
Ou seja, as escolas foram pressionadas não por opção sua mas por falta de recursos humanos, por falta de
cozinheiras ou cozinheiros a entregar as cantinas a concessionários privados.
A primeira pergunta é esta: qual é o balanço desta concessão? É mau! É um balanço péssimo! Foi aqui
reconhecido pelo CDS.
Segunda pergunta: qual é a solução? A solução tem que passar em, primeiro lugar, por não contornar o
problema. O problema não é, por si só, a fiscalização, porque, como também diz um diretor de um jornal, não é