I SÉRIE — NÚMERO 25
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causa mais de 5000 empregos, uma parte significativa das nossas exportações, uma fatia grande da produção
nacional, só para obrigar o Governo e os parceiros sociais a cedências noutros lados. Isso seria é ter uma
política de terra queimada.
Protestos do BE e do Deputado do PCP Miguel Tiago.
E é por isso que a prioridade máxima do Governo, neste momento, devia ser: garantir que a situação da
Autoeuropa fica definida, de forma livre, em diálogo social, pelos seus trabalhadores e não através da ingerência
de partidos políticos ou de forças sindicais estranhas ou exteriores à empresa;…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Estranhas, como? Com três cabeças e quatro braços?!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — … garantir que o investimento na Autoeuropa e a produção do novo
modelo ficam em Portugal, sem que isso tenha de significar mais cedências ao Partido Comunista ou ao Bloco
de Esquerda…
Protestos do BE e do PCP.
… garantir que a imagem de Portugal como um país amigo do investimento, com uma legislação laboral
moderna, flexível, que valoriza que a paz social, não saia beliscada.
É por isso que, muito diretamente, digo: Sr. Ministro da Economia, esteja V. Ex.ª onde estiver, Sr. Ministro
do Trabalho, Sr. Primeiro-Ministro — que sempre que há más notícias prefere estar longe e ao largo —, entre o
interesse de Portugal e os interesses do Partido Comunista ou do Bloco de Esquerda, escolham sempre o
interesse nacional, não permitam que esta fábrica perca este investimento ou que saia de Portugal. É o interesse
de Portugal que está aqui a ser colocado acima de tudo.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Inscreveram-se quatro Srs. Deputados para formularem pedidos
de esclarecimento.
Para o primeiro pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Testa, do Grupo Parlamentar
do Partido Socialista.
O Sr. Luís Moreira Testa (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, falamos hoje de um País que tem um
modelo equilibrado, sobretudo na gestão laboral, entre as empresas e os trabalhadores, um modelo que reside
no compromisso, na participação e no acordo.
Não é possível atingir níveis de sucesso sem compromisso, sem participação e sem acordo. É esse modelo
que existe em todo o País, e em especial na Autoeuropa, e que explica bem o sucesso ou, pelo menos, grande
parte do sucesso daquela empresa.
A Autoeuropa é uma das maiores e mais importantes empresas do País e tem um contributo de relevância
na economia nacional absolutamente notável. É uma empresa criadora de emprego e de riqueza e fomentadora
das exportações. É, portanto, uma empresa notável e grande parte da sua notabilidade subsiste e reside nesta
cultura de compromisso que tem anos, tem história e tem sucesso.
Hoje, vivemos tempos caricatos, tempos em que aqueles que eram acusados de ser os incendiários são
aqueles que tentam promover acordos e aqueles que acusavam outros de serem incendiários são, eles próprios,
os incendiários.
Hoje, temos, na Assembleia da Assembleia, um partido que tem uma matriz e, sobretudo, um histórico de
ação política que menosprezava sistematicamente a necessidade de acordo.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, queira terminar.