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13 DE DEZEMBRO DE 2017

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O Sr. Luís Moreira Testa (PS): — Esse menosprezo só pode existir porquanto existe menosprezo por uma

das partes.

Se este modelo não serve ao CDS, proponha V.ª Ex.ª um modelo que sirva ao País e não só a uma das

partes do acordo.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno

Dias, do PCP.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Mota Soares, ao ouvir a lamentável

provocação que aqui veio trazer aos trabalhadores, e aos da Autoeuropa em particular, há uma pergunta

inevitável a fazer: o Sr. Deputado está a falar de autómatos, de máquinas que sejam as mais baratas da fábrica

ou está a falar de homens e mulheres livres, que decidem por si, que exercem a sua liberdade de forma

consciente e que optam por dizer «não» quando entendem ou «sim» quando entendem, em defesa dos seus

direitos e da sua dignidade?

Aplausos do PCP e de Os Verdes.

Protestos do CDS-PP.

É que essa sobranceria de iluminado, de «herdeiro da parada» com que se refere aos trabalhadores como

se fossem figurantes, sem vontade própria, às ordens seja de quem for, é algo que diz muito mais acerca de si

do que acerca dos trabalhadores, e é bem revelador e demonstrativo do desprezo com que os senhores, no

CDS, olham para as pessoas, para os trabalhadores e para o povo.

Aplausos do PCP.

Não, Sr. Deputado, ninguém defende mais os postos de trabalho, a produção e a produção nacional do que

os trabalhadores e do que o PCP.

Era só o que faltava que aqueles que contribuíram direta e ativamente para o desmantelamento e a

degradação do aparelho produtivo nacional, para a emigração e o desemprego viessem agora acusar quem

quer que fosse de ameaçar postos de trabalho e unidades económicas!

O Sr. Deputado sabe o que mudou na Autoeuropa? Nós dizemos-lhe. O que mudou na Autoeuropa foi a

atitude da administração, e não foi agora, já foram quatro os referendos em que os trabalhadores disseram não

às medidas que a administração pretende aplicar, dois neste ano, 2017, e dois no ano passado, em 2016.

Mas o Sr. Deputado, com a experiência que tem da política tal como a faz, reduz tudo isto a um jogo partidário,

como se fosse um tabu ou um dogma essa ideia de que só há produção se houver ataque aos direitos.

Desde quando, Sr. Deputado, é que a defesa da produção e dos setores produtivos passa pela exploração

desenfreada, pela desumanização, pela negação dos direitos? Desde quando é que só há trabalho na fábrica

se os trabalhadores deixarem de ver os filhos? Está bem à vista que, para o CDS, os valores da família são

muito importantes, mas apenas para algumas famílias.

Protestos do CDS-PP.

Sr. Deputado, aquilo que a Comissão de Trabalhadores e o sindicato mais representativo dos trabalhadores

da Autoeuropa têm defendido reiteradamente é que a administração regresse à mesa das negociações. É isso

que faz falta, mas é isso que não está a acontecer.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado Bruno Dias, pedia-lhe para terminar.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente.