I SÉRIE — NÚMERO 25
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O Sr. José Moura Soeiro (BE): — … e, portanto, o que esperamos é que até ao final do ano o Governo leve
a Conselho de Ministros diplomas que possam concretizar as alterações que aqui estamos a discutir.
O Sr. Deputado falou na necessidade de equilíbrio e eu pergunto-lhe se é ou não mais equilibrado um sistema
em que a entidade contratante é corresponsabilizada…
O Sr. Adão Silva (PSD): — Veremos! Veremos!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — … pelo esforço contributivo para a proteção social do trabalhador. É mais
equilibrado dizer que o trabalhador arca sozinho com a totalidade da taxa de contribuição de 29, 6% ou é mais
equilibrado, como é proposto no acordo que hoje foi divulgado, o trabalhador pagar uma parte de 21, 4% e a
entidade contratante pagar 10%?!
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Depende!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — O Sr. Deputado falou de prudência e eu pergunto se houve alguma
prudência na alteração que o seu Governo fez para que as pessoas tivessem bases de incidência, carreiras
contributivas na base dos 209 € mensais?…
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Se quisessem! Se quisessem!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Pergunto se isso é alguma prudência?!
O Sr. Deputado disse também que isto parece um milagre ou um paraíso. Não há nenhum paraíso nem
nenhum milagre, há uma opção política, que é a de distribuir o esforço contributivo.
É possível aliviar a contribuição dos trabalhadores porque se está a corresponsabilizar as entidades
contratantes e porque há pessoas — 1%, 9000 pessoas do total de mais de um milhão de trabalhadores
independentes — que serão chamados a pagar e que hoje estão isentos. Estamos a falar de quê? Das pessoas
que, além do seu contrato de trabalho, acumulam mais de 2449 € mensais de rendimento de trabalho
independente e é muito justo que sejam chamadas a contribuir.
Por isso, alargar a proteção social, criar um sistema mais justo, criar regras que não coloquem os
trabalhadores independentes numa condição de cidadania de segunda classe, é — para responder ao Sr.
Deputado Tiago Barbosa Ribeiro —, evidentemente, uma reforma estrutural, uma verdadeira reforma estrutural.
A construção de um novo regime, a reforma profunda que queremos fazer ao regime dos recibos verdes é
uma das reformas estruturais mais importantes no campo do trabalho. Mas faltam outras, como, por exemplo,
recuperar os direitos do trabalho que foram abalroados no tempo da troica e que é preciso voltar a inscrever na
nossa legislação laboral.
São estas reformas estruturais de valorização do trabalho, de valorização de quem vive do seu trabalho, de
dignificação do trabalho, de proteção social, de densificação do contrato social que valem a pena, são as
reformas estruturais a que esta maioria política tem de responder.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos à última declaração política desta tarde, que
pertencerá ao Grupo Parlamentar do CDS-PP, pela voz do Sr. Deputado Pedro Mota Soares.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quantas vezes não ouvimos
dizer que o que Portugal precisa é de mais uma Autoeuropa?! Por causa da importância estratégica para a
nossa economia, a Autoeuropa colocou Portugal no centro do cluster do automóvel; por causa da sua
importância para as nossas exportações, pois o valor total das exportações da fábrica representa cerca de 1%
da riqueza total produzida em Portugal; por causa do emprego que gera, pois estamos a falar de mais de 5000
postos de trabalho, muitos deles qualificados, num clima que tem sido sempre um clima de flexibilidade, de paz
laboral, de enorme diálogo entre a comissão de trabalhadores e os empregadores e, acima de tudo, um clima