I SÉRIE — NÚMERO 25
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O combate aos falsos recibos verdes é essencial e é por isso que aprovámos, também em conjunto, em
julho, neste Parlamento, uma lei para o reconhecimento dos contratos de trabalho, uma lei para a ação especial
de reconhecimento do contrato de trabalho.
Eu e a Sr.ª Deputada Rita Rato estamos de acordo: fazermos esse combate sem tréguas à precariedade…
O Sr. Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — … não é para nós uma desculpa para não melhorar um regime que é
profundamente injusto para os trabalhadores independentes. E, certamente, estamos também de acordo nessa
matéria.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, tem agora a palavra o Sr. Deputado
Tiago Barbosa Ribeiro.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado José Soeiro,
hoje é um dia feliz neste Parlamento porque considero que é um dia feliz sempre que podemos debater mais
justiça, mais equilíbrios, mais direitos, melhorando a vida das pessoas, que é o que verdadeiramente nos
mobiliza.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Esta mudança que hoje estamos a discutir é uma mudança que
corresponde a um compromisso fundador da atual maioria, uma mudança que altera décadas de regras injustas
para os trabalhadores a recibos verdes, sendo, por isso, uma alteração muito esperada e em relação à qual
havia muita expectativa por parte desses trabalhadores.
O que se tem passado ao nível dos recibos verdes demonstra bem o resultado da demissão do Estado na
intervenção de regulação do mundo do trabalho, e os recibos verdes correspondem, muitos deles, a vidas
adiadas, a precariedade, a instabilidade, à impossibilidade de emancipação por parte desses trabalhadores.
Portanto, procurámos equilibrar deveres, equilibrar direitos e melhorar a vida dessas pessoas. Fizemo-lo em
torno de três grandes eixos.
Em primeiro lugar, o reforço da proteção social, o reforço da proteção social em matéria de desemprego, o
reforço da proteção social na assistência à saúde e, sobretudo, na assistência à parentalidade, na assistência a
filhos e a netos.
Em segundo lugar, ajustámos a contribuição ao rendimento do trabalhador, nomeadamente baixando o
esforço contributivo por parte dos trabalhadores; alterámos a taxa para os trabalhadores economicamente
dependentes, baixando-a.
Em terceiro lugar, uma maior responsabilização por parte das entidades contratantes, com o aumento da
taxa contributiva que está, neste momento, a seu cargo.
Sr. Deputado, ao longo dos últimos anos — não especificamente com este Governo mas ao longo dos últimos
governos — ouvimos sempre falar muito em reformas estruturais, na necessidade de fazermos reformas no País
e na necessidade de alterarmos regras para tornar o País mais justo, mais equilibrado, mais competitivo.
Normalmente essas reformas estruturais por parte da direita correspondem a menos direitos, a mais cortes, a
mais injustiças. Gostaria de lhe perguntar se, no seu entender, esta reforma corresponde verdadeiramente a
uma reforma estrutural, que permite alterar as regras com que nos relacionamos na nossa sociedade.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para o último pedido de esclarecimento relativo a esta declaração
política, tem a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, o Sr. Deputado Adão Silva.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado José Soeiro, esta matéria das
relações dos trabalhadores independentes com a segurança social, quer no aspeto contributivo, quer no aspeto