22 DE DEZEMBRO DE 2017
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mais devastadoras, e havendo em Portugal legislação específica que diferencia o tratamento do fracking,
nomeadamente em termos de avaliação de impacto ambiental, a nossa recomendação é que sejam identificadas
as proveniências e os métodos extrativos do gás que seja recebido em Sines e que esse estudo seja profundo
e apresentado publicamente.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, pelo PAN, tem a palavra o Sr. Deputado André Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Agradecemos à ASMAA e a todos os 26
000 subscritores a apresentação desta petição.
Em Portugal, em pleno contraciclo com as metas do Acordo de Paris e contra todos os dados da comunidade
científica, continuamos a promover a possibilidade de explorarmos petróleo, e não há qualquer justificação
económica, social ou, muito menos, ambiental para o servilismo do Governo à indústria petrolífera. Mas o
Governo não está só: a validar a sua posição têm estado uma maioria de partidos que perpetuam a subjugação
a um modelo económico e ideológico produtivista, claramente ultrapassado e esgotado.
O PAN já aqui apresentou duas propostas para garantir que não houvesse mais prospeções e explorações
no País, mas também por duas vezes esta maioria chumbou estas propostas. Na Assembleia da República
impera a mentalidade económica do século XIX e, paradoxalmente, estes partidos defendem que o progresso
do País passa pela destruição do ambiente.
Hoje, com o Bloco de Esquerda, voltamos a propor que não se autorizem nem se prorroguem contratos
petrolíferos em Portugal e, por outro lado, pedimos também que se garanta a informação aos cidadãos da
composição e dos métodos extrativos de todo o gás que nos chega através do Porto de Sines. Os portugueses
têm o direito de saber se o gás que entra em Portugal provém, ou não, de métodos extrativos não convencionais
de elevadíssimo impacto ambiental, nomeadamente por fracking.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua.
O Sr. André Silva (PAN): — Sim, somos radicais por defendermos as pessoas e os ecossistemas acima dos
interesses económicos. Fundamentalistas serão os que rejeitarem esta proposta.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Em nome do Grupo Parlamentar do PCP, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá, para
uma intervenção.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Começo por cumprimentar os cerca de 4200
cidadãos que subscreveram a petição hoje em discussão, solicitando a suspensão do processo de exploração
de petróleo e gás natural no Algarve e na costa alentejana.
É exatamente nesse sentido que vai o projeto de resolução que o PCP traz hoje a debate. Um projeto de
resolução que recomenda ao Governo que suspenda as atividades de pesquisa de hidrocarbonetos ao largo de
Aljezur até à conclusão, divulgação e discussão pública das avaliações de impacto ambiental e de impacto
noutras atividades económicas.
Relembramos que há um ano e meio, em julho de 2016, a Assembleia da República aprovou um outro projeto
de resolução do PCP que recomendava ao Governo que promovesse a realização dessas avaliações,
determinando os riscos resultantes da pesquisa e eventual exploração de hidrocarbonetos no Algarve e na costa
alentejana.
Apesar de o Governo se encontrar vinculado politicamente ao cumprimento desta resolução da Assembleia
da República, a verdade é que até à data não se conhecem quaisquer avaliações promovidas pelo Governo
relativamente à prospeção de petróleo ou gás natural ao largo de Aljezur.