I SÉRIE — NÚMERO 30
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Esta circunstância não impediu, contudo, que o consórcio que detém a licença de prospeção de
hidrocarbonetos ao largo de Aljezur viesse a público anunciar a sua intenção de avançar com uma sondagem
de pesquisa já em 2018.
Entende o PCP que até à conclusão, divulgação e discussão pública das avaliações de impacto ambiental e
de impacto noutras atividades económicas, as prospeções de hidrocarbonetos devem ser suspensas. É que são
essas avaliações que deverão sustentar um amplo debate público, com a participação das populações, dos
autarcas, das associações ambientalistas e dos agentes económicos, que permita ponderar, de forma
esclarecida e aprofundada, as vantagens e desvantagens, a oportunidade e as condições do aproveitamento
dos recursos energéticos nacionais, renováveis e não renováveis.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção em nome de Os Verdes, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os Verdes apresentam hoje
à Assembleia da República um projeto de resolução que exorta o Governo a travar a prospeção, a pesquisa, o
desenvolvimento e a produção de hidrocarbonetos.
Como é sabido, não é a primeira vez que Os Verdes apresentam um projeto relativamente a esta matéria.
De resto, nesta Legislatura temos apresentado diversas iniciativas legislativas sobre a matéria da pesquisa e
exploração de petróleo. Consideramos de uma forma absolutamente convicta que o País não tem nada a ganhar
com a questão da pesquisa com vista à exploração de petróleo e gás natural no nosso território, ao largo da
nossa costa, e que esta atividade constitui mesmo um risco real para o nosso território, para as populações e
para os nossos ecossistemas.
Mais: esta questão vai mesmo em contraciclo com um objetivo que o País deve ter em conta com grande
seriedade, que é a questão da descarbonização e da libertação de combustíveis fósseis, no sentido de mitigar
os efeitos das alterações climáticas também e, nesse sentido, esta atividade é uma absoluta contradição com o
objetivo nacional e mundial que pretendemos atingir.
Nesta Legislatura, depois de uma forte pressão social e também parlamentar, já se travou a concessão de
pesquisa e produção de hidrocarbonetos, de contratos assinados com a Portfuel e com o consórcio
Repsol/Partex, mas a verdade é que o País continua sob a ameaça de concessões ainda em vigor.
Entretanto, foi tornado público que o consórcio ENI/Galp pediu à Entidade Nacional para o Mercado de
Combustíveis a prorrogação de concessões que lhe estavam atribuídas, ao abrigo do contrato de pesquisa e
prospeção em vigor, até ao final do presente ano. A verdade é que as ações de perfuração não podem ser feitas
em quaisquer circunstâncias meteorológicas e a primavera constitui o período mais adequado para a sua
efetivação.
O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o seu tempo, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Nesse sentido, houve um pedido de prorrogação, por parte deste consórcio, sendo a terceira vez que o fazem
e Os Verdes consideram que ela não deve ser concedida. Essa é justamente a recomendação que nós fazemos
ao Governo, para além de pedirmos que o Governo empreenda todos os esforços no sentido de travar em
definitivo a pesquisa e a exploração de petróleo em Portugal.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, tem mesmo de terminar.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Por último, Sr. Presidente, numa frase para terminar, Os Verdes
saúdam todos aqueles subscritores da petição que está agora em discussão e todos aqueles que têm
empreendido os maiores esforços no sentido de travar esta matéria da pesquisa e da exploração de
hidrocarbonetos.