25 DE JANEIRO DE 2018
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Aplausos do BE.
A luta destas trabalhadoras e trabalhadores não precisou de afetos presidenciais, visitas de governantes ou
expressões de caridade para conquistar o seu lugar. Muito nos dizem essas ausências sobre quem não
apareceu.
O Sr. JoséManuelPureza (BE): — Muito bem!
A Sr.ª CatarinaMartins (BE): — Mas o caso da Triumph é nacional, porque não é um caso isolado e porque
é um exemplo de tenacidade de quem à empresa só deu a sua força e o seu melhor. Essa é já uma vitória das
mulheres e homens da Triumph, porque derrubaram o biombo da Gramax e desmascararam a fraude. A sua
luta é a da dignidade do País e o Bloco de Esquerda não é daquele País que prefere olhar para outro lado.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, a indústria em Portugal perdeu, na última
década, quatro em cada 10 trabalhadores. Além disso, perdeu capacidade produtiva, aumentou a dependência
das importações e agravou-se a balança de pagamentos do País. Vezes demais em insolvências mal explicadas
e pior geridas. Vezes demais com trabalhadores à porta das empresas para tentar garantir o que é seu por
direito. Vezes demais condenando operárias e operários especializados ao desemprego de longa duração e à
pobreza.
Temos, portanto, responsabilidades e três urgências que nos interpelam.
Em primeiro lugar, precisamos de uma política de investimento que salvaguarde a capacidade produtiva
instalada no País e que trave esta sangria. Portugal pode e deve ter uma política industrial e assumir
responsabilidades públicas.
Em segundo lugar, precisamos de combater a fraude e a impunidade para impedir mais insolvências, que
são, na verdade, um assalto aos trabalhadores e ao País. É tempo de rever a legislação para impedir as
insolvências fraudulentas, priorizando o que conta: postos de trabalho, direitos dos trabalhadores, proteção da
capacidade produtiva, forte penalização do abuso.
Finalmente, precisamos de uma resposta concreta para o caso dos trabalhadores e das trabalhadoras da
Triumph, que estão sem salário desde novembro e, nalguns casos, abrange toda a família que trabalhava na
Triumph. Devemos-lhes apoio imediato, garantia de que os seus créditos são integralmente pagos e uma
solução para o dia seguinte.
Se à justiça se pede justiça, ao Governo exige-se que garanta a proteção dos trabalhadores durante o
processo de insolvência e que intervenha para defender a capacidade produtiva e permitir que a fábrica reabra.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª CatarinaMartins (BE): — Estou mesmo a concluir, Sr. Presidente.
Se tudo falhar e não existir solução que impeça o encerramento da Triumph, o Governo deve reconhecer a
necessidade de uma resposta social, de formação e de emprego para estas 463 pessoas.
As trabalhadoras da Triumph estão há 20 dias à porta da empresa e protegem-se umas às outras em
solidariedade. A sua luta é um exemplo de dignidade. Que se lhes faça justiça não é apenas uma urgência, é
uma exigência da democracia.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, a Mesa não regista inscrições para este debate de atualidade. Espero
que os grupos parlamentares inscrevam rapidamente os seus Deputados, pois, caso contrário, teremos de
passar ao ponto seguinte da ordem do dia.
Pausa.