25 DE JANEIRO DE 2018
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É isso que acontece neste caso em particular. Decorreu um ano, um ano em que todos vimos mais uma ação
de propaganda, em que o Sr. Ministro da Economia se passeou na Gramax, em que disse ao País que a situação
estava resolvida e que até havia mais investimento e que se iria criar mais emprego.
Ora, é tempo de nós, oposição, perguntarmos ao Governo e aos partidos que o apoiam o que é que correu
mal, o que é que falhou, o que é que, em pouco mais de 12 meses, fez com que, de facto, chegássemos a esta
situação. Por isso, neste momento precisávamos de perceber o que é que correu mal e apurar
responsabilidades.
É também muito importante que tenhamos em mente isto: governar é difícil, é decidir, e se é preciso coragem
para decidir também é preciso coragem para assumir a responsabilidade das decisões. E aqui as decisões não
são solteiras, aqui as decisões são coletivas e são tomadas pelo Governo e suportadas, neste Parlamento, pelo
Bloco de Esquerda, pelo PCP, por Os Verdes e pelo PS.
Protestos do PS.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — O que é que o PSD quer?!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Por isso, o desafio que vos é lançado aqui, hoje, é no sentido de que se
deixem desta duplicidade, que assumam as vossas responsabilidades e, sobretudo, que façam e falem menos.
Aplausos do PSD e de Deputados do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, pelo Grupo Parlamentar do PS, o Sr. Deputado
Ricardo Leão.
O Sr. Ricardo Leão (PS): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado Adjunto e do Comércio, Sr. Secretário
de Estado dos Assuntos Parlamentares, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Permitam-me que, em nome do
Grupo Parlamentar do PS, cumprimente igualmente todos os trabalhadores da Têxtil Gramax presentes nas
galerias.
Vozes do BE: — Triumph!
O Sr. Ricardo Leão (PS): — Da antiga Triumph.
Em primeiro lugar, em nome do Grupo Parlamentar do PS, quero agradecer ao Bloco de Esquerda o facto
de ter trazido ao debate da atualidade este tema pela importância do mesmo, pelas consequências que está a
ter, mas também pela preocupação que a todos nos traz.
A fábrica da marca alemã Triumph iniciou a sua produção, no concelho de Loures, na década de 60, tornando-
se uma das maiores entidades empregadoras deste concelho.
Foi sendo do conhecimento público que, há alguns anos, a Triumph vinha a manifestar a intenção de
abandonar a produção no nosso País através desta unidade em Sacavém, anunciando o propósito de
concretizar a venda da empresa ou, em último recurso, de proceder ao seu encerramento.
Depois de um período para o qual se temeu o pior, no segundo semestre de 2016 foi anunciada a sua venda
ao grupo Têxtil Gramax Internacional (TGI), sendo que, em janeiro de 2017, após uma visita à empresa do Sr.
Ministro da Economia, foi anunciada a manutenção desta unidade bem como a manutenção dos postos de
trabalho e a implementação de um novo plano de investimentos que previa a diversificação na produção e a
exportação para novos mercados.
Confesso que foi com espanto que, no final do ano passado, quer o Grupo Parlamentar do PS, mas também
eu próprio enquanto Presidente da Assembleia Municipal de Loures, fomos tendo conhecimento pelos
trabalhadores que, por decisão da Têxtil Gramax Internacional, estavam trabalhadores em casa por não existir
fluxo de trabalho, alegando não ter carteira de clientes para fazer face aos custos existentes, apresentando,
inclusivamente, um plano de reestruturação. Plano este que, rapidamente, se transformou, muito recentemente,
num processo de insolvência que, para além do impacto para o País, tem um impacto extremamente nefasto