I SÉRIE — NÚMERO 39
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Srs. Deputados, ainda estou para perceber qual é o interesse de quererem intervir antes ou depois de
determinado grupo parlamentar.
Haverá um momento em que se passará das afirmações às consequências.
Pausa.
Entretanto, a Mesa registou uma inscrição.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Emídio Guerreiro, do PSD, a quem agradeço por ser o
primeiro a intervir.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado, Sr.as Deputadas e Srs.
Deputados: As minhas primeiras palavras são de solidariedade para com as trabalhadoras que, neste momento,
com as suas famílias, vivem momentos de muita angústia e de muita incerteza.
O Bloco de Esquerda agendou para hoje este debate de atualidade e pensava eu que este seria um momento
de viragem neste tipo de debates, que seria um momento em que o Bloco de Esquerda deixasse esta duplicidade
política que o carateriza — já é tempo, Sr.ª Deputada Catarina Martins, de o BE assumir as suas
responsabilidades: o tempo em que à segunda, quarta e sexta estão com o Governo e em que nos outros dias
da semana estão na oposição.
Aplausos do PSD.
Protestos do BE.
Sejamos claros: este Governo, a quem cabe resolver os problemas do País, só está em funções porque
dispõe de apoio parlamentar nesta Assembleia da República, apoio esse que é protagonizado por vários
partidos, incluindo o Bloco de Esquerda. Se assim é, esperávamos que, finalmente, o Bloco de Esquerda
assumisse as suas responsabilidades e trouxesse aqui uma solução.
Protestos do BE.
Não necessitam de reunir com os seus ministros à porta da fábrica, porque fazem-no, semanalmente, em
gabinetes. É aí que devem, de facto, procurar resolver esses problemas e deixarem-se de, de uma vez por
todas, terem este papel de duplicidade, híbrido, que não dignifica o debate político e muito menos o Parlamento.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, não são os vossos protestos que vão resolver os problemas daquelas
pessoas, …
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — São os vossos?!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — … não são os vossos gritos que vão resolver os problemas daquelas
pessoas; são, de facto, as ações. Por isso, é necessário mudarmos a página e passarmos a um outro tempo,
em que os partidos que suportam e viabilizam o Governo tragam e concretizem soluções. Só assim será possível
terminarmos com este clima híbrido, em que num dia fazem uma coisa e noutro dia o seu contrário.
Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: E o que tem feito o Governo nesta matéria? Quando tudo
corre bem, até se atropelam, quer os líderes dos partidos que suportam o Governo, quer os diferentes secretários
de Estado e ministros. É um corrupio a ver quem consegue dizer aos portugueses «foi graças a mim que isto
está a acontecer».
Aplausos do PSD.
Mas, quando as coisas correm mal, quando as coisas não correm como se deseja, desaparecem todos, não
se vê ninguém a dar a cara, não se vê ninguém a assumir as responsabilidades. Isto é o que temos visto.