I SÉRIE — NÚMERO 40
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Por outro lado, o contexto europeu em que o debate ocorre está dominado pelo Brexit, pela emergência de
novas políticas a financiar pelo orçamento comunitário, como a defesa, a segurança interna e as migrações, e
pela diminuição do peso da política de coesão nas discussões sobre o futuro da União Europeia.
A saída do Reino Unido, como contribuinte líquido, do orçamento comunitário leva a uma quebra anual na
ordem dos 10 000 milhões de euros.
Acresce a isto o facto de os contribuintes líquidos defenderem um orçamento comunitário que não ultrapasse
1% do rendimento nacional bruto, o que poderá representar uma quebra anual superior a 20 000 milhões de
euros.
Sabemos que o papel da política de coesão, no âmbito do processo de convergência das regiões europeias,
está longe de se encontrar concluído. Os desequilíbrios macroeconómicos gerados pela crise económica e
financeira criaram dificuldades acrescidas ao processo de convergência. Por esta razão, é imperioso manter o
carácter estrutural da política de coesão, enquanto política de médio prazo indutora do desenvolvimento
competitivo dos territórios.
A estratégia Portugal pós-2020 deve estar orientada para as questões da competitividade, convergência,
emprego e coesão. Deve assegurar o desenvolvimento de base científica e tecnológica, para uma estratégia
sustentada na inovação; assegurar a disponibilidade de recursos humanos com as qualificações necessárias ao
processo de desenvolvimento; travar o envelhecimento populacional e assegurar a sustentabilidade
demográfica; diminuir a dependência energética; reforçar o papel e potencial económico da economia do mar;
promover a competitividade externa das cidades, dos territórios e do interior.
Sr.as e Srs. Deputados: É tempo de a Assembleia da República participar ativamente na discussão sobre as
prioridades do País para o pós-2020, constituindo-se como um espaço privilegiado para a promoção de
compromissos e consensos políticos.
É para esta convocação que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista se coloca na primeira linha,
conciliando a sua determinação na defesa do interesse nacional com a sua histórica vocação na defesa da
construção europeia.
É tempo de nos concentrarmos no essencial: saber o que queremos fazer do nosso País e em cada uma das
nossas regiões entre 2020 e 2030.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem, agora, a palavra, para a intervenção de encerramento do debate,
em nome do Governo, o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Augusto Santos Silva): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Deputados: Gostaria de, em nome do Governo, saudar esta interpelação e este debate, que é um debate muito
oportuno. É oportuno pelo tempo em que se realiza — dentro do processo de preparação interna e europeia das
novas perspetivas financeiras e do programa pós-2020 — e é oportuno, sobretudo, porque orienta a discussão
para o futuro.
O próximo quadro comunitário é um instrumento-chave para prepararmos a década que vai de 2020 a 2030
e que tem de ser uma década de convergência, de continuação e aprofundamento da nossa convergência.
Para o Governo, o próximo quadro comunitário tem de ser claro nos seus objetivos e nas suas agendas
fundamentais. Como o Sr. Ministro do Planeamento aqui disse, em nome do Governo, focamos as nossas
agendas, as nossas prioridades, em quatro questões essenciais: a agenda das pessoas, a agenda da inovação,
a agenda da sustentabilidade dos nossos recursos endógenos e a agenda do desenvolvimento do nosso
território.
Nessas agendas cabem, evidentemente, o reforço da eficiência energética, designadamente na economia, e
também o pleno aproveitamento do território e o combate à desertificação. E assim respondi às questões
colocadas pelo Sr. Deputado José Luís Ferreira.
Noto, com muito agrado, em nome do Governo, que nenhuma reserva crítica foi feita neste debate à
organização destas agendas. Por isso, este debate, em si mesmo, além de ser oportuno, é um debate de
convergência e é muito importante que haja essa convergência entre nós.