I SÉRIE — NÚMERO 40
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que tinham trabalho. Não é essa a nossa opção e não é assim que defendemos uma economia competitiva nem
é assim que defendemos empresas robustas.
Depois de anos de divergência, temos agora uma janela de oportunidade para, através da qualidade e da
quantidade de emprego, assegurar às empresas e ao setor público os trabalhadores com as qualificações
necessárias para o desígnio do desenvolvimento e transformação social e económica do País. Mas também
temos de assegurar que esses trabalhadores sejam bem remunerados e tenham um horizonte de previsibilidade
e estabilidade no nosso contrato social.
É em torno desta visão de competitividade que orientaremos as políticas públicas dos próximos anos e é em
torno dela que queremos assegurar ao País os consensos que os portugueses exigem, sem que tenham de
escolher entre o presente ou o futuro, porque todos somos necessários e a todos iremos responder.
Felizmente, no final deste debate, essa é, certamente, uma garantia que hoje obtivemos da parte do Governo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Dispondo ainda de tempo, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr.
Deputado Porfírio Silva, do PS.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, três traços de um retrato: em 2016, da
população com idade entre 25 e 64 anos, tinham completado o ensino secundário 43% dos homens e 50,5%
das mulheres.
No mesmo ano, de entre os que terminaram com sucesso o ensino secundário, é entre os diplomados em
cursos profissionais que se encontra a maior percentagem dos que não prosseguiram estudos no ensino
superior.
Ao mesmo tempo, todos os dados indicam que há ainda uma clara associação entre pertencer a uma classe
socialmente mais desfavorecida e ter mais insucesso escolar.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Nas décadas da democracia, a escola pública fez muito pelo País e pela melhoria
da qualidade de vida das pessoas, mas há ainda um grande caminho a fazer.
Uma sociedade decente, com mais direitos consolidados, precisa de uma economia mais forte e com mais
capacidade para criar valor e emprego qualificado, capaz de acrescentar ao desenvolvimento sustentável de
todos os territórios.
A qualificação das pessoas, a qualificação das instituições, a qualificação dos territórios têm de estar no
centro do Portugal 2030, designadamente focando as nossas energias numa estratégia nacional de
competências, incluindo as competências digitais e cidadãs, melhorando a equidade na educação, promovendo
e dignificando o emprego científico, em associação com grandes desafios societários, científicos e tecnológicos,
elevando as nossas instituições para novos patamares de excelência, nomeadamente desenvolvendo
instituições de interface entre o conhecimento e o mundo empresarial para a inovação, e inovação solidária e
social.
Este é um grande debate que merece a nossa mobilização. Temos todos de conseguir dotar o País da melhor
estratégia nacional, que seja vencedora no quadro da União Europeia…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe o favor de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Termino, Sr. Presidente.
Como estava a dizer, temos de conseguir dotar o País da melhor estratégia nacional, que seja vencedora no
quadro da União Europeia, onde, novamente, temos voz.
A contribuição de cada força política para este debate não depende da temperatura do termómetro do
entusiasmo europeísta, depende da qualidade e da capacidade de cada força política para fazer propostas
concretas e para saber caminhar em conjunto. É para esse desafio que aqui estamos.